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Em breve, o feirão das delações

Uns vão dizer que cumpriram ordens, outros que foram enganados ou ouviram vozes. O certo é que não há grandes lealdades no banco dos réus

Boa parte dos milhares de fichados pelo ataque na Praça dos 3 Poderes ainda não entenderam a enrascada que se meteram. A maioria já saiu das prisões da Papuda e da Colmeia, em Brasília, para responder em liberdade, por enquanto. Essa arraia-miúda talvez nem seja enquadrada por terrorismo. Suas façanhas criminosas já serão suficientes para lhes render multas pesadas e temporadas variadas em prisões federais (perto de traficantes e afins). Ele têm pouco a acrescentar. No máximo o nome do patriota amigo que organizou a gincana golpista. Seguir o dinheiro pequeno pode ser revelador, mas não baterá no topo.

O feirão de delações se dará mesmo um ou dois andares acima. Quem melhor entende isso é o ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, Anderson Torres, que está em uma cela no 4º Batalhão da Polícia Militar, no Guará. Delegado de carreira, o sujeito que era o chefão da Polícia Federal foi para trás das grades duas semanas depois de deixar o cargo. Não é pouco. Esmiuçar que em sua casa foi encontrada a minuta de decreto que tentaria justificar um golpe de estado derrubando o resultado das eleições é grotesco – prova impressa e auditável. Agora Torres joga com as fichas que têm, esperando para ver o que aparecerá, mas sempre considerando que outros podem abrir a boca antes. É o caso de seus correlatos na Segurança Pública do Distrito Federal, onde era secretário, e simpatizantes da causa nas Forças Armadas e nos meios empresarial e político. Teremos gente dizendo que só cumpria ordens, outros que foram enganados e até quem ouviu vozes dentro da cabeça – então tá.

Durante a Lava-Jato, foi da iniciativa privada que vieram os lances mais elevados no leilão de delações. Não há grandes lealdades na frente de um delegado, ainda mais se atrás dele estão Polícia Federal (PF), Ministério Público Federal (MPF), Advocacia-Geral da União (AGU), Ministério da Justiça, Receita, Supremo Tribunal Federal (STF) e um presidente da República a fim de dar o troco. Vai ter gente que vai escapar, claro. Outros vão pegar penas desproporcionais, infelizmente. É até plausível que Bolsonaro nem vá preso se algo ainda mais escandaloso for revelado, mas perderia seus direitos políticos e pensões. Nem por isso estaria acabado politicamente. No Brasil, tudo é possível.

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