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Lula no dia do Trabalho: quem é responsável pelo fiasco?

Deu tudo errado.

A data era simbólica, o lugar era muito bom para acomodar multidões e a organização do evento tinha experiência em mobilizar grandes públicos. Mas o discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no estádio do Corinthians, promovido para comemorar o dia do Trabalho e organizado por várias centrais sindicais, foi um verdadeiro fiasco. As fotos aéreas mostram o desastre: é quase possível contar as pessoas a olho nu – tanto é que os organizadores nem quiseram apresentar uma estimativa de público à imprensa. Ontem, porém, a Universidade de São Paulo arriscou uma contagem através de software: 1.635 pessoas.

Lula sentiu o baque. E chamou a atenção do ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macedo, no microfone. “Ele é o responsável pelo movimento social brasileiro. Não pense que vai ficar assim. Vocês sabem que ontem eu conversei com ele e eu disse: ‘Ô, Márcio, o ato está mal convocado’. Nós não fizemos o esforço necessário para levar a quantidade de gente que era preciso levar”, disse o presidente.

É a segunda vez que ele utiliza eventos públicos para manifestar algum tipo de insatisfação com sua equipe. Esse comportamento contraria uma regra dos Recursos Humanos que sugere criticar subalternos em ambiente privado e elogiá-los diante de testemunhas.

Mas a culpa será mesmo de Macedo? Ou das entidades que representam trabalhadores, com alcance reduzido desde que o imposto sindical deixou de ser obrigatório? Ou será da inflação de alimentos, que vem corroendo a popularidade de Lula?

Já faz um tempo que os eventos ligados aos movimentos conservadores – e ao ex-presidente Jair Bolsonaro – reúnem multidões gigantescas, enquanto as manifestações de esquerdistas sofrem para juntar um número pífio de pessoas.

Isso talvez tenha várias explicações de cunho sociológico ou comportamental, mas o fato é que a militância direitista, hoje, é mais disciplinada e dedicada que a das esquerdas. E isso nada tem a ver com o fato de que o conservadorismo está na oposição – pois quando Bolsonaro ocupava o Palácio do Alvorada, desfilou em várias aglomerações populares.

Lula e seus assessores precisam entender melhor o cenário político atual para voltar a trazer muita gente para seus atos. Em especial, é necessário compreender o que faz de Bolsonaro um líder tão carismático, apesar de um discurso repetitivo e de pouca consistência.

Ocorre que estamos em um país no qual muita gente não vota a favor de um candidato, mas sim contra alguém que postula um cargo executivo. Assim, um naco bastante considerável do eleitorado de Lula (que ganhou por margem diminuta) votou nele em protesto às várias patacoadas do ex-presidente, muitas de cunho machista ou preconceituoso.

Portanto, vale aqui uma pergunta: o sucesso de público dos eventos bolsonaristas significa que ele venceria uma eleição, caso fosse elegível? Não necessariamente. Até porque há um massivo contingente silencioso que rejeita o capitão com todas as suas forças.

O problema, para Lula, é que está surgindo um movimento que rejeita os dois extremos, mas ainda não ganhou muita densidade. Só que, no futuro, essa tendência pode prosperar. Especialmente se a rejeição ao presidente crescer de forma abrupta. Isso poderia inviabilizar suas chances em 2026.

Falando em eleições, a cereja do bolo no evento de 1º de maio foi justamente o pedido de votos de Lula para seu candidato à prefeitura de São Paulo, o deputado federal Guilherme Boulos – algo que é vetado pela Justiça Eleitoral.

Lula, aos 78 anos, está cada vez parecido com a comediante Dercy Gonçalves, que, quando tinha a mesma idade do mandatário, falava aquilo que vinha à cabeça, sem filtros. A diferença é que, quando fazia isso, a popularidade de Dercy só aumentava. A de Lula, por enquanto, só está caindo.

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