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Uma longa cadeia de omissões

No pior dia para a democracia brasileira no século XXI, a PM do DF saiu para comprar água de coco depois de escoltar os radicais

Quem já caminhou pela Esplanada e pela Praça dos 3 Poderes pode entender sem esforço o quão difícil é organizar e sustentar uma ação como a que se desenrolou em Brasília neste domingo (8). A vastidão segue uma lógica monumental, na qual os grandes espaços serviriam justamente para impedir a aglomeração e resistência de quem tentasse tomar o centro do poder federal. Ali não há como fazer barricadas e, quando necessário entrar em ação, o trabalho das forças de segurança ficaria facilitado.

Não foi o que ocorreu. Porém, não se pode afirmar que foi descuido. Afinal, Brasília passou pelos atos de vandalismo de 12 de novembro. Os ânimos dos radicais antidemocráticos eram conhecidos e visíveis nas redes sociais, onde eram passadas listas de quem iria para Brasília “defender os valores da família e da liberdade”. A organização das caravanas bolsonaristas e a chegada desse pessoal mal-intencionado era sabida e comentada pela imprensa. Então, o que houve foram conivência e omissão. Os manifestantes bolsonaristas foram escoltados pela PM, mostram as imagens. Por isso, afirmar que houve um apagão na segurança da capital federal é ingenuidade.

O símbolo deste domingo (8) são policiais militares fazendo selfies diante do Congresso (acima) e reunidos em torno de um vendedor ambulante de água de coco na frente da Catedral de Brasília. Enquanto isso, atos de violência contra o estado democrático de direito eram cometidos na sede do Legislativo, a pouca distância, onde a segurança teve que repelir os invasores quase sozinha e sem grande sucesso. O mesmo ocorreu na sede do Supremo Tribunal Federal (STF), que foi depredado. A reação da polícia de choque foi tardia e chegou quando o estrago estava feito.

A omissão do governador de Brasília, Ibaneis Rocha (MDB), e toda a cúpula de segurança do DF repetiu de modo piorado o que fez o ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, que no dia da votação do segundo turno há tempos fazia campanha aberta para Bolsonaro e tentou impedir o deslocamento de eleitores. Depois, foi omisso e conivente com os bloqueios nas rodovias federais. Vasques foi indiciado. O mesmo deve ocorrer com Ibaneis, apesar de seus pedidos de desculpas. Ele sabia desde o início da semana o que iria ocorrer. Em reação, o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres teve sua prisão requerida pela Advocacia-Geral da União (AGU). É preciso lembrar que até há pouco ele era o chefe do chefe da Polícia Federal. Depois, assumiu a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal. No noite do primeiro quebra-quebra e tentativa de invasão da sede da PF, Torres nada fez.

Por trás de todas essas ações, está o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que se isolou em Orlando, mas que desde antes das eleições incita sem parar sua militância. Será um teste de resistência para a democracia brasileira punir os responsáveis pela organização e financiamento das invasões. A armadilha para as instituições é apelar para o autoritarismo. Tudo que a turma que toca o terror almeja é ser vítima da leis e da justiça que tentam derrubar.

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