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O que falta desvendar no Caso Marielle

Investigação precisa revelar quem mandou, o que motivou e qual o papel das milícias do Rio no crime

Cinco anos após assassinato da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL), a dinâmica e os envolvidos na emboscada que a vitimou com tiros de submetralhadora junto com o motorista Anderson Gomes parece desvendada de vez. Porém, os principais pontos do mistério persistem: quem foram os mandantes e qual a motivação confirmada para o crime permanecem sem resposta. Com a revelação da delação premiada do ex-policial militar Élcio de Queiroz, a investigação ganha corpo. Todavia, o ex-PM só confirmou o que já era mais ou menos sabido. Falta descobrir:

  • Quem são os mandantes?
  • Quais foram os motivos?
  • Qual foi o papel das milícias?
  • Onde estão as armas?


A busca pelo mandante

A investigação avançou na identificação dos executores do crime, Ronnie Lessa e Élcio Queiroz, bem como outros envolvidos, como o ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, o Suel. Outros envolvidos podem surgir. É importante perceber que nada na delação apresenta fatos ou novos envolvidos. Na prática, Queiroz afundou Lessa e Suel. A cortina de silêncio sobre quem foi o mandante do assassinato de Marielle permanece, ainda que tudo indique ter sido uma ação encomendada por milícias.


O que teria motivado o crime?

O coordenador do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) do MPRJ, Fábio Corrêa, afirmou que, independente de quem mandou matar a vereadora, a razão tem origem nas bandeiras levantadas por Marielle. “A nova fase ratifica que independente de um mando, o ímpeto de praticar o homicídio teve razões também nas convicções contrárias às causas defendidas por Marielle”, explica.

Contra as milícias

Com mais de 40 mil votos em seu primeiro mandato, em 2016, Marielle era crítica das milícias que atuam no Rio de Janeiro e estava prestes a tentar inviabilizar uma das fontes mais lucrativas desses grupos: a grilagem nas favelas e periferias. A iniciativa afetaria diretamente o grupo paramilitar Escritório do Crime, que domina a região de Rio das Pedras, onde erguem prédios ilegais e extorquem moradores com serviços de gás, gatonet, água, luz, segurança e transporte coletivo em vans.

Lessa e as milícias

Acredita-se que Ronnie Lessa, dificilmente tomaria a decisão de assassinar Marielle por conta própria, uma vez que ficaria sem a cobertura e proteção dos comparsas milicianos. Paralelo à investigação da morte de Marielle e Anderson, Lessa foi condenado por tráfico internacional de armas. Em fevereiro de 2017, a Receita Federal apreendeu com ele 16 “quebra-chamas” para fuzis automáticos AR-15. O acessório reduz o clarão dos disparos e é de uso restrito, dependendo de autorização do Exército para ser adquirido. Em 2018, a Polícia Civil do Rio de Janeiro apreendeu na casa de Alexandre Motta Souza, amigo próximo de Lessa, peças de 117 fuzis desmontados. Foi a maior apreensão de armas no estado.

O que fez Queiroz a delatar

As autoridades dizem ter reunido provas robustas sobre a participação de Élcio Queiroz e Lessa no crime. Essas provas levaram-no a confirmar que Lessa apertou o gatilho. Ele também revelou que o Lessa teria buscado informações sobre Marielle e membros de sua família. A mulher de Lessa teria confirmado que a dupla não estava em casa na noite do assassinato – imagens mostram Queiroz no carro usado no crime em frente ao último local onde Marielle esteve antes de ser assassinada junto com seu motorista, Anderson Gomes.

Fim do silêncio

A delação de Élcio Queiroz representa uma quebra do pacto de silêncio que envolvia os participantes do assassinato. A partir de agora, outros suspeitos podem começar a cooperar com as autoridades.

Detalhes desconhecidos

Os detalhes específicos da delação de Élcio Queiroz ainda não foram divulgados ao público. É possível que existam informações relevantes sobre os mandantes ou outros aspectos cruciais do caso que não foram revelados.

Queiroz, alvo móvel

As autoridades precisam garantir a segurança de Élcio e familiares. Ele será transferido da Penitenciária Federal de Brasília, a Papuda, para um presídio estadual que não será divulgado por questões de segurança. Já Maxwell será transferido para a Papuda, onde ocupará uma cela individual. Ele estava na Superintendência da Polícia Federal do Rio de Janeiro.

Pena menor

É possível que Élcio Queiroz esteja usando a delação como estratégia para obter uma pena menor, considerando que Ronnie Lessa já está condenado.

Esperança

A ministra da Igualdade Racial do Brasil, Anielle Franco, irmã de Marielle, afirmou que as novas revelações do caso representam um passo importante, mas que não acredita que o caso esteja perto de ser desvendado por completo.

“A gente tem o sentimento de que a gente não pode parar de lutar e, enquanto família, espero que a gente dê alguns passos em principalmente entender por que a minha irmã? E quando a gente não sabe essa resposta, quer dizer que qualquer mulher negra hoje que esteja no poder, ou que coloque o seu corpo nesse lugar de luta, também podem vir a ser uma vítima dessa violência política”, disse, aos prantos.

“Se o meu pai, com 70 anos, e a minha mãe, depois de passar de um câncer e perder a filha com 5 tiros na cabeça, seguem com esperança, quem sou eu para não ter?”, completou.


Confira o depoimento de Élcio Queiroz:



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