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Uma fake terrivelmente evangélica

A escolha de um evangélico para o Supremo Tribunal Federal (STF) não é uma novidade, conforme apresentado falsamente pelo presidente Jair Bolsonaro para contentar a bancada evangélica. Infelizmente, a imprensa caiu nesta – incluindo MONEY REPORT. Há alguma justificativa, afinal tal critério nunca foi considerado no passado. Tanto que em 13 de fevereiro de 1957, o desembargador Antonio Martins Vilas Boas (1896-1987), do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJ-MG), foi nomeado pelo presidente Juscelino Kubitschek para a vaga ocupada no STF pelo ministro Edgard Costa. Uma semana depois de empossado, o também diácono da Primeira Igreja Batista de Belo Horizonte se tornou presidente da corte. A revelação veio da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito, um grupo progressista que critica o ex-advogado-geral da União e ex-ministro da Justiça, André Mendonça, o “terrivelmente evangélico” do presidente.

Ex-ministro do STF, Antonio Martins Vilas Boas era diácono batista

Ao ser confirmado, o pastor presbiteriano e novo ministro do STF Mendonça (à direita de Bíblia na mão) parafraseou sem muita inspiração divina o primeiro homem na Lua: “Um passo para um homem, um salto para os evangélicos”. Em sua posse, não se limitou ao compromisso com os ditames do estado laico: “Em tudo quanto fizer, e para isso invoco a permanente proteção divina, hei de pôr a nota inconfundível do meu Eterno Senhor, o Mestre incomparável da ternura humana”.

Há 65 anos, em um Brasil bem mais atrasado, Vilas Boas discursou como se vivesse em nossos tempos: “Uma declaração dessa ordem coincide, por vezes, com fases particularmente delicadas da vida de um povo, em que a divisão dos espíritos e o ímpeto das paixões turvam a clara visão das coisas”. Vilas Boas não abriu portas para Mendonça. Ele saiu da corte em 1966 e quase só foi lembrado por seu trabalho.

Entre os atuais integrantes da Suprema Corte, as crenças místicas pessoais jamais foram preponderantes para a interpretação do texto constitucional. Só com a chegada no novato é que foi constatado que há uma esperada maioria católica (Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski, Cármen Lúcia, Dias Toffoli, Alexandre de Moraes, Kssio Marques e Edson Fachin), além de judeus (Luiz Fux e Luis Roberto Barroso – este não praticante) e Rosa Weber (que não declara sua religião). Os recém-aposentados Marco Aurélio Mello e Celso de Melo são católicos.

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