CEF liberou R$ 10,6 bilhões para 6,8 milhões de pessoas. Índice de calote foi 80% na modalidade SIM Digital
A Caixa Econômica Federal (CEF) abriu linhas para pequenos empréstimos com garantias frágeis que geraram um calote bilionário durante a corrida à presidência, revela nesta segunda-feira (29) uma reportagem do portal UOL. No início de 2022, os então presidentes Jair Bolsonaro, e da Caixa, Pedro Guimarães, criaram duas linhas para aportes entre R$ 300 e R$ 1.000 que liberaram R$ 10,6 bilhões para 6,8 milhões de brasileiros.
De acordo com informações da própria Caixa, que confirmou a reportagem, a inadimplência chegou a 80% na modalidade SIM Digital, com juros de 1,95% mensais. A operação provocou um rombo de R$ 2,4 bilhões. O banco informou que parte desse prejuízo será coberto com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), que é financiado por contribuições de trabalhadores formais. O FGTS foi usado parcialmente como seguro por medida provisória do presidente, o que custaria R$ 1,3 bi. A CEF arcaria com outros R$ 600 milhões.
Já no caso dos empréstimos consignados para o Auxílio Brasil, com juros mensais de 3,45%, dos 2,9 milhões participantes, mais de 100 mil inadimplentes foram excluídos do Bolsa Família em 2023. Ou seja, o banco não vai ter como cobrar descontando as parcelas do pagamento do benefício.
Com isso, no último trimestre de 2022, o indicador de risco medido pela taxa de liquidez de curto prazo teria chegado ao menor nível já registrado pelo CEF, R$ 162 bilhões, uma queda de R$ 70 bilhões em relação ao ano anterior. O índice de liquidez de curto prazo é estabelecido pelo Banco Central (BC) para evitar a quebra de bancos.
Procurado pelo UOL, Pedro Guimarães e seu advogado, Fabio Wajngarten, nada comentaram.
O caso pode virar investigações por crimes financeiro e eleitoral.
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