Ilustrações do litoral brasileiro são alvo de ação judicial que busca reconhecimento de autoria
Uma coleção de desenhos associados à célebre pintora brasileira Tarsila do Amaral (1886-1973) foi lançada como NFT – uma forma de arte digital com garantia de autenticidade. No entanto, as obras, propriedade do tradutor Alípio Neto, encontram-se no meio de uma batalha judicial para confirmar sua legitimidade.
A sobrinha-neta e herdeira da artista conhecida como Tarsilinha não reconhece a autenticidade das obras. No entanto, outros dois herdeiros aprovaram a produção das NFTs. Esse endosso indireto confirma, de alguma forma, a autenticidade dos desenhos.
Esta controvérsia adiciona mais um capítulo à história envolvendo Tarsila do Amaral. Alípio Neto busca o reconhecimento da autoria dos desenhos para inclusão no catálogo oficial das obras da artista, cuja última edição é de 2008. No entanto, além do impasse com Tarsilinha, a comissão de especialistas em obras da artista não chegou a um consenso sobre a autenticidade do material.
NFTs de Tarsila

Os desenhos em questão, da década de 1920, retratam paisagens do litoral brasileiro. A Zeitls, empresa sueca, digitalizou essas obras, oferecendo-as por 0,3 ETH cada (aproximadamente R$ 3,3 mil). Paola Montenegro, sobrinha-bisneta de Tarsila e detentora dos direitos autorais da artista, está envolvida no projeto.
Paulo Montenegro, um dos herdeiros de Tarsila, manifestou incerteza sobre a autenticidade dos desenhos, mesmo após negar ser um especialista. No entanto, ele e outro herdeiro assinaram um documento referente à produção dos NFTs, apresentando os desenhos como originais de Tarsila.
Mario Solimene Filho, advogado de Alípio Neto, argumenta que os NFTs e a autorização da família de Tarsila constituem evidências significativas da autenticidade das obras. Daniela Zschaber, da Zeitls, afirma que a empresa está confiante na originalidade das obras, visando promover a arte brasileira no exterior. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.