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Exame: Os motivos da RJ do Grupo Handz, da Gocil

Recuperação judicial do conglomerado também atinge empresas com atuação no agronegócio e no mercado imobiliário, com dívidas de R$ 1,7 bilhão

O Grupo Handz, dono da empresa de segurança Gocil, entrou com pedido de recuperação judicial, alegando uma dívida de R$ 1,75 bilhão. Além do negócio de segurança, o mais conhecido, o conglomerado empresarial tem outros braços, como operações no mercado imobiliário e no agronegócio. 

O grupo tem controle compartilhado pela família Cinel, centrado principalmente no empresário Washington Cinel. O executivo é conhecido como “rei das terceirizações”, principalmente pela Gocil, que tem mais de 20.000 funcionários na área de segurança privada.

No pedido, os advogados da companhia alegam que, apesar de se tratar de segmentos aparentemente distintos, todas as operações operam “em harmonia entre si” e que “dependem umas das outras” para a continuidade.

Quem é o grupo Handz

O Grupo Handz tem origem na década de 1980 em Bauru, no interior de São Paulo. À época, Washington Cinel, até então tenente da polícia militar, fundou a Gocil para atuar com serviços de vigilância e segurança. A ideia surgiu após Cinel ter sido contratado por uma filial da Globo para fazer a segurança da sede da emissora. Em 1985, mudou a sede da Gocil de Bauru para São Paulo.

Nos anos seguintes, a empresa abriu filiais em cidades como Curitiba, Campinas, Santos, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Goiânia, Joinville, Recife, Brasília e Imperatriz, no Maranhão. Hoje, são 20.000 funcionários diretos e outros 100.000 indiretos somente na Gocil.

Além do setor de segurança e vigilância, o Grupo Handz também tem um braço de agronegócio por meio das subsidiárias da Maná. As atividades nesse setor se iniciaram há 22 anos e se intensificaram nos últimos oito. Produz arroz, soja, milho e cana de açúcar, além da criação de gado. 

Quais foram os motivos para a recuperação judicial 

No pedido de recuperação judicial, há uma lista de motivos que fizeram com que o Grupo Handz precisasse pedir entrada no processo de reestruturação. Alguns são específicos do setor agropecúario. Entre eles:

  • alto índice de alavancagem financeira;
  • alta de juro;
  • aumento nos custos;
  • margens reduzidas;
  • queda na demanda.

Um deles é que os investimentos necessários para o aumento da produção agrícola demandaram alto índice de alavancagem financeira, tendo as empresas do grupo “contraído financiamentos na expectativa de que os ganhos de escala e produtividade fossem suficientes para garantir o cumprimento das obrigações assumidas”. Outro fator apontado pela defesa da empresa é que as despesas financeiras aumentaram significativamente com a alta dos juros. 

Os custos de produção também subiram, por fatores como a guerra na Ucrânia, a taxa cambial, o aumento da demanda e a inflação. “Esses fatores impactaram decisivamente componentes importantes e pouco administráveis da matriz de custos da produção agropecuária, como preço dos insumos, de equipamentos e maquinários, além de dissídios salariais”. 

Ao mesmo tempo em que os custos de produção subiam, a receita da atividade agropecuária caía por motivos como alta produtividade e pressão dos clientes. “Com a redução das margens, houve o alongamento do ciclo de retorno dos investimentos realizados, com a necessidade de novas linhas de financiamento para a manutenção das atividades desenvolvidas”. Isso provocou novos ciclos de empréstimos e consequente aumento no endividamento. 

No braço de prestação de serviços de vigilância, também há dificuldades. A justificativa da empresa é que houve queda acentuada de demanda durante e após o pico da pandemia da covid-19, aumento na taxa de juros e pressão de preços vinda da concorrência e dos clientes. Sobre a pandemia, a empresa diz também que a redução de eventos diminuiu a geração de caixa, ao passo em que o afastamento de funcionários de suas atividades aumentou os custos. 

“As Requerentes não pouparam esforços para fazer frente às suas obrigações, e conseguiram, por muito tempo, se manter adimplentes com seu endividamento mesmo em meio ao turbulento período de alta da taxa de juros. Todavia, as dívidas financeiras dilataram-se de tal forma que fazer frente a elas se tornou insustentável, em meio à redução das margens operacionais das Requerentes no mesmo período”, diz parte do pedido. 

Sócio da RGF e especialista em reestruturação empresarial, Rodrigo Gallegos analisa que a recuperação judicial tem sido um mecanismo para que empresas que tomaram empréstimos quando o crédito era mais atrativo, no início da pandemia, e que agora enfrentam crises econômicas e aumento da Taxa Selic, ficaram sem fôlego financeiro para pagar. “É o que está acontecendo e que vai acontecer mais”, diz.

O que diz a empresa

Em nota, a empresa falou que “construção da solução para a readequação da empresa será realizada com todos os seus credores, mantendo a transparência e ética que sempre marcaram as empresas e a Gocil”.

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Por Daniel Giussani

Publicado originalmente em: encurtador.com.br/qwEQ6

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