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Leite e derivados têm quedas nos preços

No atacado, UHT caiu 23,5% e a muçarela, 15,7%, após alta de 60%

Após aumentos sucessivos, superando 60% no acumulado em um ano, e tornar-se o vilão da inflação dos alimentos, os índices de preço do leite e seus derivados começam a recuar. As análises do Centro de Inteligência do Leite da Embrapa (CILeite) apontam quedas em todos os produtos, o que afeta também o valor recebido pelos produtores.

“Segundo dados divulgados pelo Conselho Paritário Produtores/Indústrias de Leite dos estados (Conseleites) em relação ao pagamento ao produtor em setembro, podemos afirmar que o movimento de alta chegou ao fim”, destaca Samuel Oliveira, pesquisador da Embrapa Gado de Leite (MG).

Razões do forte aumento recente

A forte pressão sobre o preço do leite e seus derivados foi motivada por vários fatores, entre eles a queda na oferta do produto. O período de entressafra, que ocorre nos meses de outono/inverno, quando há menos pasto para o rebanho, faz com que a produção decline. Isso já é esperado pelo setor.

No entanto, outros fatores contribuíram para que a produção retrocedesse mais do que o normal, como o elevado custo de produção e deterioração da rentabilidade das fazendas. A guerra no Leste Europeu e o incremento no preço dos fertilizantes, dos combustíveis e das commodities agrícolas em geral acabaram pressionando os custos. A desorganização das cadeias produtivas, que ocorreu mundialmente devido à pandemia de covid-19, também é apontada como uma das variáveis pelo analista José Luiz Bellini, da Embrapa.

Para Lorildo Stock, analista da Embrapa, o melhor preço pago ao produtor em função da diminuição da oferta estimulou o setor primário a investir mais na alimentação do rebanho e as vacas responderam com maior volume de leite.

Outra frente que motivou a ampliação da oferta foram as importações, que atingiram o equivalente a 172 milhões de litros em agosto, 63,3% maior em relação a julho e 129,9% em comparação com agosto de 2021. Outro fator, não muito positivo, que puxa as cotações para baixo é a queda na procura pelo produto por parte do consumidor.

A primeira quinzena de setembro esboça alguma estabilidade nos preços, mas a tendência é que a redução se amplie em outubro, quando a produção nas regiões Sudeste e Centro-Oeste se eleva. Contudo, o consumidor já percebe a desaceleração e até mesmo a queda nos preços dos lácteos no varejo. Depois do grande salto verificado em julho (14%), o aumento do leite em agosto foi de 0,4%, com destaque para a queda de 1,8% no preço do leite UHT.

Cenário global

No ambiente interno, os índices da economia brasileira estão sendo revisados para cima. A última previsão do Banco Central aponta crescimento em 2022 próximo de 2,5%. O desemprego está em queda, atingindo 9,1%, menor nível desde 2016. Esse cenário positivo ocorre em função da recuperação do setor de serviços e também por uma melhoria dos investimentos.

Quanto ao mercado global de leite, Stock afirma que a oferta continua restrita, impactada por questões climáticas e pelo aumento dos custos de produção. “O preço dos lácteos no mercado internacional ainda está acima dos patamares médios observados nos últimos anos, mas tem caído nos últimos meses, o que pode ser um reflexo da menor demanda da China”, aponta o analista.

Oliveira destaca que o atento acompanhamento do mercado internacional será fundamental para que o setor se posicione estrategicamente nos processos de produção e gestão do agronegócio do leite nacional. “A tendência dos preços do leite é de recuo, mas deve-se atentar para o fato de que os custos de produção estão elevados”, acentua Oliveira.

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