Cotado para ser relator da reforma da Previdência na comissão especial da Câmara, o deputado Eduardo Cury (PSDB-SP) considera possível que a votação do projeto que altera o sistema previdenciário ocorra ainda neste semestre, como quer o Executivo. Em entrevista a MONEY REPORT, Cury explica que, se quiser aprovar a reforma até junho, o governo não pode mais entrar em discussões desnecessárias com a oposição, mas sim manter o foco em um plano de comunicação de massa, para conscientizar o país de que reformar as aposentadorias é uma necessidade urgente. “Estamos no limite. As pessoas precisam saber dessa urgência”, explica o tucano. A seguir, sua entrevista.
Nesta semana, surgiram informações de que partidos do chamado “Centrão” querem adiar a votação da reforma da Previdência. Ela será aprovada ainda neste semestre?
O tempo está curto. Para sair até junho, o governo não pode mais cometer nenhum erro, como entrar no embate desnecessário com políticos que se opõem à reforma. Só interessa à oposição bater boca. O resultado disso é que os prazos não são cumpridos, que as sessões terminem sem votações concluídas e que os requerimentos não sejam votados no tempo hábil. O governo precisa ficar alerta para não cair nessas armadilhas maquiavélicas de uma oposição que é experiente em impedir que as coisas aconteçam. É possível que a reforma ocorra ainda neste semestre, mas estamos no limite.
Qual sua avaliação sobre a comunicação do governo envolvendo a reforma da Previdência?
O governo tem uma excelente comunicação de guerrilha, que são as redes sociais. Só que, para reformar a Previdência, isso é insuficiente. É preciso uma comunicação de massa, que até agora não começou. As pessoas precisam formar uma decisão a favor, ter um certo consenso sobre a necessidade de mudanças no sistema previdenciário. O governo precisa fazer mais política nesse sentido também. Não é à toa que a população desconhece a reforma e muitos se dizem contra.
Faltou articulação política na ida do ministro da Economia, Paulo Guedes, à Câmara dos Deputados?
Foi uma sessão muito tumultuada pela oposição. Já era algo esperado. Penso que isso se deve à desarticulação do governo, que tem dificuldade e inexperiência em lidar com parlamentares. Na minha opinião, se tivessem pensado melhor, Guedes nem deveria ter ido à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Mas já que foi, que respondesse apenas questões relativas à constitucionalidade do projeto. Perguntas sobre mérito são respondidas mais para frente, em outra comissão. Apesar disso, sua ida foi interessante.
Por que foi interessante?
Paulo Guedes deixou claro quem são os privilegiados no Parlamento que querem impedir o andamento da reforma.
O PSDB é contra mudanças no Benefício de Prestação Continuada (BPC). O projeto da reforma será muito desidratado nas votações?
Espero que não. Mas repito: é preciso uma articulação do governo. Essa falta de sintonia vai fazer com que parte dos deputados queiram retirar pontos da reforma para não ter desgastes. A falta de explicações sobre a reforma que estamos votando enfraquece a argumentação dos representantes do povo e pode sim tornar o texto muito menor do que ele é atualmente.
Foi por isso que o PSDB fechou questão contra mudanças no BPC?
Não é bem assim. Somos contra alterações no BPC pois entendemos que não faz sentido mexer no benefício pago a pessoas muito pobres e que precisam desse dinheiro para sobreviver.
A reforma da Previdência é um tema impopular e rejeitado por mais da metade da população. O que o faz crer que ela será aprovada?
A pesquisa Datafolha mostrou um lado positivo. Ao passo que a reforma é reprovada por 51% da população, outros 41% são favoráveis. Já tivemos números piores. O projeto de reformar a Previdência proposto pelo ex-presidente Michel Temer (MDB) era reprovado por 70%. Então melhorou bastante. Depois que o governo criar uma comunicação adequada, esses números devem mudar.
Mudar para melhor?
Com certeza. Apesar de haver desconfiança em relação ao governo, sinto que existe um sentimento de que há necessidade de aprovar a reforma.
Uma resposta
Eu sou contra a reforma da previdência prejudica os mais pobres isso não é justo tira dos políticos nos não roubamos nadA só contribui ….