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PF e PGR querem saber de onde viria o dinheiro para os militares golpistas

Procuradores e delegados querem conectar os núcleos operacional e financeiro da conspiração. Informações estavam fora da delação de Mauro Cid

Os depoimentos dos civis e militares da ativa e da reserva detidos por envolvimento nas tratativas da fracassada tentativa de golpe de estado para anular as eleições presidenciais de novembro de 2022 devem focar, pelo menos por enquanto, na origem e destinação de recursos. Além dos presos, aliados de Jair Bolsonaro passaram por buscas e apreensões na quinta-feira (8). Entre eles estão quatro ex-ministros: Augusto Heleno, ex-ministro-chefe do GSI; Anderson Torres, ex titular da Justiça e da Segurança Pública do DF (ele chegou a ficar detido por dois meses e em sua residência foi encontrada a minuta do golpe); Walter Braga Netto, que passou por Casa Civil e Defesa , além de ser vice na chapa à reeleição de Bolsonaro; e Paulo Sérgio Nogueira, ex da Defesa.

Com as conversas por meio de aplicativos de mensagens reveladas, a PF quer saber de onde viriam os R$ 100 mil que o tenente-coronel Rafael Martins de Oliveira, integrante das Forças Especiais do Exército Brasileiro, pediu ao ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), tenente-coronel Mauro Cid. Além dele, o coronel expulso do Exército Aílton Barros também pediu dinheiro para o golpe. Também estão detidos o coronel Bernardo Romão Correa Neto, o tenente-coronel Guilherme Marques de Almeida, o major da reserva Marcelo Câmara, e o ex-assessor civil do Planalto, Filipe Martins. Todos os envolvidos devem ser ouvidos o mais rápido possível, conforme determinou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes,

De acordo com as conversas, os recursos para o então major Rafael Martins Oliveira serviriam para ajudar na locomoção e estadia de manifestantes que viajariam à capital do país para protestos contra o resultado eleitoral de 2022, em especial os de 8 de janeiro. Seria preciso rastrear e identificar esse grupo, que deve ter contado com militares da ativa. A convocatória de Cid à PF é considerada necessária, pois parte do que foi descoberto não constaria de sua delação junto à Procuradoria-Geral da República (PGR). Com isso, Cid corre risco de perder delação, que é ligada à fraude na carteira de vacinação dos Bolsonaro.

Os procuradores federais consideram Martins Oliveira o “interlocutor de Mauro Cid na coordenação de estratégias adotadas pelos investigados para a execução do golpe de Estado e para obtenção de formas de financiar as operações do grupo criminoso.”

Com esta etapa da investigação, a PF espera identificar a conexão entre o núcleo operacional da trama, formado por militares da ativa, com o núcleo de financiamento. O despacho do ministro Alexandre de Moraes que autorizou a operação incluiu uma ilustração com as trocas de mensagens entre Cid e Oliveira, identificado como Joe. O sigilo da ação foi retirado por ordem do ministro.

As datas dos depoimentos ainda não estão confirmadas.

Do que os detidos são suspeitos

  • Rafael Martins de Oliveira, tenente-coronel das forças especiais do Exército – Participou das tratativas e seria um dos operadores militares do golpe. A PGR o considera: “Interlocutor de Mauro Cid na coordenação de estratégias adotadas pelos investigados para a execução do golpe de Estado e para obtenção de formas de financiar as operações do grupo criminoso.” Ele pediu R$ 100 mil a Mauro Cid para o deslocamento e estadia de militares que viajariam à capital do país para participar dos protestos.
  • Bernardo Romão Correa Neto, coronel do Exército (preso na madrugada de domingo, 11), em 2002 era assistente do Comando Militar do Sul – Intermediou uma reunião em 28 de novembro de 2022 com oficiais do Curso de Forças Especiais, apelidados de “kids pretos” por causa das pinturas de combate. Está nos Estados Unidos fazendo um curso de dois anos. Será mantido detido na sede da Guarda Presidencial.
  • Marcelo Câmara, militar da reserva e ex-ajudante de ordens – Trabalhava com o tenente-coronel Mauro Cid e foi responsável pelo monitoramento do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, para prendê-lo durante o golpe.
  • Filipe Martins, ex-assessor internacional do governo Bolsonaro – Discutiu a minuta do golpe com Mauro Cid e entregou a Bolsonaro um documento com críticas às interferências do Judiciário junto ao Executivo. Integrava o núcleo “jurídico”.
  • Ailton Gonçalves Moraes Barros, coronel reformado do Exército – Amigo de Bolsonaro, também pediu recursos a Mauro Cid para desencadear o golpe. Ele foi expulso da força por faltas disciplinares. Depois, acabou detido por fraudar dados do cartão de vacinação do presidente Bolsonaro. Virou advogado na vida civil e foi investigado por suposto acordo com o tráfico. 

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