Com propostas economicamente opostas em uma disputa acirrada, o vencedor deve ser conhecido só na madrugada de segunda (20). Mas 75% dos votos devem estar contados a partir das 21h
Os 35,4 milhões de argentinos aptos a votar escolhem neste domingo (19) o próximo presidente, em uma disputa apertada e com resultado imprevisível. De um lado, o anarcocapitalista Javier Milei, do outro, o peronista populista de centro-esquerda, Sergio Massa, atual ministro da Economia.
Apesar de ter vencido o primeiro turno com 36,69% dos votos, Massa está em desvantagem no segundo turno, apontam as pesquisas, depois que Milei – que obteve 29,99% – ganhou apoio da conservadora Patricia Bullrich, que levou 23,8% dos votos, e do ex-presidente Mauricio Macri (2015-2019). A decisão do pleito está nas mãos dos indecisos. Milei e Massa precisam conquistar parte dos 33,24% de eleitores que não votaram neles, já que o índice de 13% de não participação deve até aumentar, dada a polarização extrema na disputa.
Ambos não possuem muito espaço de manobra. Ministro da Economia de um país com inflação anual de 142,7% registrada em outubro, a maior desde 1991, Massa apela para a proposta de um governo de coalizão e transição. O problema é descobrir com quem irá governar, já que as principais forças estão do outro lado e, após crises econômicas em sequência desde os anos 1960, cerca de 40% dos argentinos vivem na pobreza.
Enquanto isso, Milei recuou em um ponto, abandonar a proposta de acabar com o ensino e a saúde públicas – por pressão do bloco de Bullrich e Macri. Fora isso, o direitista segue controverso, duvidando dos crimes da ditadura e até elogiando a liberal conservadora Margareth Thatcher, ex-líder britânica que liderou seu país ao derrotar os argentinos após a invasão das Ilhas Falklands, em 1982. A vitória britânica assinalou o a derrocada da ditadura militar argentina.
Milei quer dolarizar a economia, apesar das reservas nacionais estarem praticamente zeradas, e criar incentivos ao comércio e exportações. Em contradição, almeja romper com o Mercosul e cortar relações com a China, o maior parceiro da Argentina.
Massa quer um estado forte, ao estilo dos peronistas, mas também contraditoriamente promete perseguir o equilíbrio fiscal, renegociar as dívidas com o Fundo Monetário Internacional (FMI) – já fez isso este ano – e buscar mais parceiros comerciais. Tudo isso mantendo a transparência e o combate à corrupção que faltou na gestões do peronismo kirchneristas do Partido Justicialista, que desde 1983 esteve no poder em oito das 11 presidências – algumas durando apenas meses.
O resultado oficial do pleito de hoje só será conhecido na madrugada desta segunda (20), já que os votos são no papel, o que exige contagem manual. Todavia, a junta eleitoral afirma que entre 22h e 22h30 cerca de 75% das urnas estariam contabilizadas.
O que MONEY REPORT publicou
- Quais são as propostas de Massa e Milei para a economia argentina?
- Eleições argentinas devem causar forte desvalorização do peso, avalia Bradesco
- Milei ganha fôlego com Bullrich, mas apoiadores atolam no mimimi
- Patricia Bullrich declara apoio a Milei no 2º turno da eleição argentina
- O que esperar do segundo turno na Argentina?
- A estratégia populista de Milei está funcionando
- Milei será a prova de fogo das alianças entre direita e populistas
- Eleições argentinas: clima de tensão e incerteza
- Milei nunca foi o problema da Argentina
- O lado folclórico de Milei vai ajudá-lo ou prejudicá-lo?
- FMI confirma acordo de US$ 7,5 bi com Argentina
- Extrema-direita vence primárias na Argentina
- O próximo presidente da Argentina será um rothbardiano?