O novo governo argentino e seus credores internacionais estão diante de um impasse sobre a reestruturação de dívidas públicas de mais de US$ 66 bilhões. Três comitês internacionais de detentores de bônus lançaram um comunicado nesta segunda-feira (4), afirmando que “não podem apoiar a oferta de troca recentemente anunciada, e não entregarão seus bônus nesta oferta”. O motivo seriam as grandes perdas que sofreriam por terem bancado o governo no passado. Os credores têm até 8 de maio para trocar os bônus, mas o governo argentino pode estender o prazo, se achar conveniente.
O presidente Alberto Fernández afirmou que a proposta do governo não será modificada. “De nada serve fazer uma oferta que depois não poderá ser cumprida. Nós apresentamos a nossa com boa-fé”, afirmou Santiago Cafiero, chefe do gabinete da presidência.
A oferta de troca da dívida do governo sob legislação estrangeira inclui três anos de suspensão dos pagamentos e redução de 62% nos juros (37,9 bilhões de dólares) e de 5,4% sobre o capital (3,6 bilhões de dólares). Os bônus foram lançados em dois momentos. Entre 2016 e 2018, durante o governo Macri, e em 2005 e 2010, nos mandatos de Néstor e Cristina Kirchner. Se um acordo for fechado, os novos papéis terão vencimentos entre 2030 e 2047, o que parece improvável nos termos presentes.
O clima entre governo e credores ficou azedo a partir de 22 de abril, quando não foram pagos os US$ 500 milhões em juros vencidos de um lote de bônus.
A dívida da Argentina soma US$ 324 bilhões, cerca de 90% de seu Produto Interno Bruto (PIB). Daí a necessidade de renegociação e da busca de um novo plano junto ao Fundo Monetário Internacional (FMI). O país está em crise, com uma inflação anual de mais de 50%.