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A obsessão de Lula em domesticar a imprensa

O ex-presidente Lula vinha em uma toada que indicava um caminho de paz e amor que se oporia ao espírito belicoso do presidente Jair Bolsonaro. O petista lidera as pesquisas de intenção de voto para as eleições presidenciais de 2022, o que lhe daria certo conforto para costurar alianças, enquanto desviaria de atritos e exposições desnecessárias para um político que tem em seu passado recente uma condenação por corrupção – ainda que seu julgamento tenha sido anulado por irregularidades no processo penal e deve ser reiniciado do zero.

Porém, assim como Bolsonaro, Lula parece apreciar dar tratos à sua rejeição. Nesta sexta-feira (26), o ex-presidente ressuscitou a obsessão de criar algum controle sobre a mídia, em especial a imprensa. “A gente não pode ficar com a regulamentação de 1962, não é possível. Eu penso que a gente vai fazer uma coisa muito nova”, afirmou à rádio Metropole de Salvador (BA).

Em um momento que notícias falsas são investigadas e até sites noticiosos têm suas fontes de financiamento bloqueada pela Justiça, falar em controle é um contrassenso que afasta uma parcela do eleitorado situado no centro expandido do espectro político. Talvez afoito com relação ao futuro e ressentido com o passado, Lula esquece que, em diferentes graus, a mesma imprensa que noticiou sua condenação também expôs os erros processuais e os parcialismos na condução da Lava-Jato, expondo o ex-juiz federal e ex-ministro da Justiça, Sergio Moro. As denúncias partiram do site The Intercept Brasil, ligado à esquerda, mas não foram ignoradas.

Se há um caminho para a imprensa refrear ataques infundados, este é o da Justiça comum, onde são discutidas calúnia, injúria e difamação – como não há tipificação para fake news, é com estes mecanismos que os casos serão discutidos. Em paralelo, há o caminho do bolso. Caso não acreditasse nisso, Lula não estaria processando jornalistas que teriam agido de forma agressiva e parcial nos casos do sítio de Atibaia e do tríplex – e até na cobertura do aniversário de um de seus sobrinhos-netos.

Criticar a lentidão das decisões faz sentido. Mas voltar aos argumentos apresentados lá em 2009, na Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), é um retrocesso rançoso. Se contar um detalhe pouco lembrado pela esquerda militante, mas bem conhecido pela direita bolsonarista. As malhas de desinformação costumam se valer de redes sociais, que são empresas privadas que possuem suas próprias agendas, portanto determinam como deve ser o comportamento em seu ambiente. O mesmo tipo de mecanismo que considerou de teor sexual as “denúncias” da imagem da perna de Lula quando abraçado com sua namorada Janja, também censuraram “O Nascimento de Vênus”, do renascentista Boticelli (1445-1510). Só para depois voltarem atrás diante das distorções e das reclamações.

Outro detalhe gigantesco ignorado, o Marco Civil da Internet, sancionado em 2014, durante o Dilma Rousseff (PT). Por mais que diga: “Ninguém quer controlar. Eu não quero controlar. Eu não quero o modelo de comunicação tipo Cuba, China, eu quero tipo Inglaterra”, há uma armadilha aí. O atual padrão britânico de autocontrole e aplicação de multas criado após os abusos dos tabloides é fruto de um arcabouço jurídico baseado na lei comum. Não funciona no ordenamento jurídico brasileiro, algo que qualquer graduando em direito poderia discorrer por alguns minutos. Por aqui, qualquer tentativa seria desculpa para a criação de burocracias, regulações e chicanas jurídicas. Melhor tentar tornar a justiça mais ágil e moderna. Pena que quando teve tempo de sobra para pensar no assunto, o ex-presidente preferiu ir pelo caminho mais fácil e menos liberal.

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Comentários

2 respostas

  1. Essa obsessividade por controle e monopólio do Lula me assusta. Honestamente, gostaria que ele não se candidatasse em 2022, assim como o satanás do Bolsonaro. Se ambos saíssem, daria espaço para outras opções de candidatos, piores ou melhores cabe ao povo estudar pra onde o seu voto vai. O que não podemos é ficar nesse embate raivoso de esquerda, direita, Lula ou Bolsonaro. A política precisa respirar e renovar, assim como outras questões que assombra o levantamento de um Brasil melhor, mas pra isso o povo precisa estar atento que o controle é nosso. É no voto.

  2. Artigo de quem se vende na primeira esquina. Regulamentação da mídia é necessário. É preciso democratizar os meios de comunicação no país, urgentemente. A mídia hoje deita-se com quem paga mais, infelizmente.

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