Nova direção promete assembleia com credores ainda em 2023 e tenta ebitda de R$ 2,2 bilhões até 2025
Após seguidos adiamentos na divulgação de seu balanço e até a suspensão das negociações de seus papéis no segmento Novo Mercado da B3, a rede Americanas divulgou nesta quinta-feira (16) seus resultados financeiros de 2022. Na esteira do escândalo e da fraude financeira em suas contas divulgado em janeiro deste ano, o prejuízo financeiro foi de R$ 12,9 bilhões, o dobro do registrado em 2021. É a primeira divulgação desde que a entrega, em março, do plano de recuperação judicial. À época, as dívidas da empresa somavam R$ 43 bilhões para com 16,3 mil credores.
Além do prejuízo, a empresa apresentou à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) um patrimônio líquido negativo de R$ 26,7 bilhões e dívida líquida real de R$ 26,3 bilhões, com ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) negativo de R$ 6,2 bilhões. A receita líquida consolidada atingiu a R$ 25,8 bilhões, com resultado financeiro consolidado negativo de R$ 5,2 bilhões.
A companhia reportou que os números negativos são resultados de um fraco desempenho operacional, da elevada despesa financeira e da fraude financeira, que somou R$ 25,2 bilhões entre juros não contabilizados em resultado e despesas contabilizadas como investimentos e verbas de propaganda cooperadas (VPC) fictícias ajustados nos balanços apresentados.
Nesta segunda feira (13/11), a Americanas S/A divulgou ao mercado seu plano estratégico de negócios com previsão de geração de ebitda de mais de R$ 2,2 bilhões em 2025. À imprensa, a companhia lançou nota: “A companhia tem centrado esforços na continuidade do negócio, que ganhará mais fôlego a partir do aumento de capital de R$ 12 bilhões que será realizado pelos acionistas de referência e capitalização de dívida concursal por parte dos credores também no valor de R$ 12 bilhões, assim como com a aprovação do Plano de Recuperação Judicial pelos credores.” A Americanas tem a expectativa de que a assembleia geral de credores ainda em 2023, o que é considerado improvável.
Nova Americanas
O plano de negócios da nova Americanas, apresentado pela atual gestão está focado em tentar devolver o protagonismo anterior. Ou seja, na “fortaleza e resiliência do canal físico, apoiado pela excelência operacional do digital, pelo portfolio de serviços financeiros customizados da Ame e pela diversidade de seu retail media, que rentabiliza seus ativos por meio de advertising. Essa transformação dará maior protagonismo ao seu DNA figital (físico + digital)”, informa a mesma nota. “Acreditamos que, com este plano, a Americanas estará pronta para renovar seu papel de relevância no varejo brasileiro. Não será fácil, não será simples, mas será feito”, afirma Leonardo Coelho, CEO da Americanas.
Veja as datas em que a Americanas teria que divulgar os balanços financeiros de 2022:
- 24/03/2023 – Empresa disse ter identificado a necessidade de revisar e avaliar os dados;
- 30/08/2023 – Varejista informou que não havia concluído as análises;
- 27/10/2023 – Companhia atribuiu o adiamento ao surgimento de novas informações e documentos “cuja análise exige um período de tempo incremental àquele anteriormente previsto”;
- 3/11/2023 – Adia e alega que foi “vítima de uma fraude sofisticada e muito bem arquitetada”
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