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O mercado já nem dá atenção para o bullying da PF contra o BTG

Cumprindo a tradição de partir para cima do BTG toda vez que sofre algum revés junto à opinião pública, o Ministério Público e a Polícia Federal mais uma vez bateram às portas do banco na manhã de hoje. No dia 23 de agosto, após a divulgação de alguns grampos que fustigavam a imagem de Deltan Dallagnol, a Polícia Federal comandou uma operação para buscar evidências que pudessem comprovar supostas acusações que compõem a delação do ex-ministro Antonio Palocci. Hoje, após a Lava-Jato ter sofrido mais um baque com a votação do Supremo Tribunal Federal reconhecendo que os réus têm direito a se manifestar por último após os delatores, a PF baixou no BTG novamente. Coincidência? Dificilmente.

Desta vez, o motivo foi o fundo Bintang, que está sob custódia do BTG. Segundo a delação de Palocci, o banco seria beneficiário de um esquema para saber com antecedência as decisões do Comitê de Política Monetária do Banco Central, que versa sobre a flutuação das taxas de juros. Além do BTG, várias outras instituições financeiras usariam o mesmo esquema. Sempre de acordo com o ex-ministro, essas informações foram cruciais para que o fundo em questão obtivesse uma rentabilidade astronômica.

Ocorre que se trata de um fundo fechado e operado exclusivamente pelo único investidor, um ex-executivo do Banco Multiplic, Marcelo Augusto Lustosa (informações da colunado jornalista Lauro Jardim, de O Globo). Ora, se houve algum beneficiário por eventuais informações privilegiadas, não foi o BTG – e sim o titular do fundo Bintang.

Este episódio mostra bem a lógica seguida por Palocci para redigir sua delação. Como chegou atrasado neste processo, as várias histórias interessantes que poderia dividir com a Lava-Jato já tinham sido reveladas por outros delatores. O ex-ministro, assim, fez uma pesquisa para encontrar, na imprensa, elementos que pudessem ancorar narrativas que só existem em sua cabeça.

O caso do fundo Bintang, por exemplo, foi tema de uma reportagem do jornal O Estado de S. Paulo em 2012. Palocci viu aí uma oportunidade para acusar. O detalhe é que, em seu depoimento, afirmou que vários bancos usaram o expediente de comprar informações antecipadas do Copom. Isso fere diretamente o conceito de informação privilegiada. Se vários players possuem o mesmo dado, este deixa de ser um privilégio. Mas vamos supor, apenas a título de raciocínio, que Palocci realmente intermediou a venda dessas informações para algumas instituições financeiras. Por que a PF não baixou nestes outros locais?

A resposta é simples: perseguição, implicância, bullying… pode-se escolher qualquer palavra, mas o sentido será sempre o mesmo: assédio moral. O mercado financeiro, já escaldado, deu pouca importância ao caso. Na primeira ação da Polícia Federal, em agosto, a ação do banco chegou a cair de R$ 65 para 40 durante o pregão (em outubro de 2018, era cotada a R$ 20,50). Hoje, o papel abriu  pregão com uma cotação de R$ 56,01 e fechou em R$ 53,93 – uma pequena queda, de 3,78 %, bem inferior à de 23 de agosto, quando os papéis perderam cerca de 15% de suas cotações.

A conclusão é óbvia: os investidores já perceberam a implicância da Lava-Jato com o banco. E resolveram ignorá-la.

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