Medida eleva pressão sobre Pequim e agrava tensão entre as duas maiores economias do mundo; China responde com restrições à exportação de terras raras
A Casa Branca anunciou nesta terça-feira (15) a imposição de tarifas de até 245% sobre produtos chineses, medida que marca uma nova escalada na disputa comercial entre Estados Unidos e China. A decisão, divulgada em um informativo oficial, aponta as “ações retaliatórias” de Pequim como justificativa para o aumento das tarifas, embora o governo americano não tenha detalhado como chegou ao cálculo dessa alíquota máxima.
O novo patamar tarifário supera os 145% anunciados anteriormente e acompanha uma ordem executiva assinada pelo presidente Donald Trump. O documento autoriza uma investigação sobre os riscos à segurança nacional associados à dependência americana de minerais essenciais e seus derivados importados da China.
A guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo tem gerado incertezas nos mercados globais, preocupados com os impactos econômicos do prolongamento do conflito. Para Trump, as tarifas funcionam como ferramenta para atrair investimentos industriais de volta ao território americano, ainda que os custos sejam repassados para empresas e consumidores, devido ao impacto nas cadeias de suprimento.
Pequim respondeu com novas restrições à exportação de terras raras — matérias-primas estratégicas para os setores de tecnologia, aeroespacial e defesa — em mais uma demonstração de que a disputa está longe de uma resolução.
Em meio à escalada, a China anunciou nesta quarta-feira (16) a nomeação de Li Chenggang como novo negociador-chefe nas tratativas com Washington. Li, que é embaixador do país na Organização Mundial do Comércio (OMC) desde 2021, assume em um momento em que a OMC perdeu parte de sua relevância para resolver disputas comerciais, especialmente desde o primeiro mandato de Trump.
O presidente americano afirmou que a China “precisa fechar um acordo conosco”, ao mesmo tempo em que reforçou a pressão sobre países aliados para que escolham entre relações comerciais com os EUA ou com Pequim. A suspensão temporária das tarifas recíprocas para outros países continua em vigor, com exceção da China, que permanece no centro das medidas mais duras.
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