Em artigo publicado neste domingo no jornal O Estado de S. Paulo, o ex-presidente do Banco Central, Gustavo Franco, explica por que a retomada do crescimento econômico está tão lenta. Segundo ele, o país está com grande dificuldade em criar um novo modelo após o fracasso (e falência) da Nova Matriz Econômica, a política adotada por Guido Mantega nos seus tempos de Brasília que defendia juro baixo, controle cambial e muito dinheiro público na economia (via investimentos, subsídios e desonerações).
O sócio da Rio Bravo Investimentos não joga a responsabilidade do marasmo para o governo (nem de Temer, nem Bolsonaro). Ele prefere olhar para os investimentos privados, que andam em baixa. “A formação bruta de capital fixo do setor privado, ou o Capex, para usar o jargão contábil-empresarial (os gastos de capital), é muito baixa há anos, e as empresas estão acomodadas nessa situação”, escreveu. Segundo ele, a ojeriza ao endividamento é reflexo dos juros historicamente altos. “Nossos tesoureiros são excelentes para aplicar dinheiro e otimizar o caixa, mas morrem de medo de tomar dinheiro emprestado, exceto quando se trata de crédito direcionado baratinho que só os amigos do governo conseguem obter. “
A queda dos juros mudou esse cenário. O que falta, então, para que os investimentos privados destravem? Confiança, diz Franco. “E é nesse ponto que está empacada a nossa “mudança de modelo”, que deveria vir na forma de um bom plano de recuperação de empregos. Mas de que é feito um plano que produz ‘confiança’? Se fosse apenas juntar bons economistas e elogiar publicamente suas ideias, o Plano Cruzado teria funcionado. Há componentes na mistura que não têm de ver com economia.”
Perfeito.