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China cria paraíso fiscal com ares de Dubai no Índico

Ao lado do distrito comercial de Colombo, capital do Sri Lanka, uma enorme extensão de areia recuperada do mar está sendo transformada em um bairro de alta tecnologia que abrigará um centro financeiro internacional com caraterísticas tributárias e legais de paraíso fiscal, áreas residenciais e uma marina – criando comparações com Dubai, Mônaco e Hong Kong. O projeto da Colombo Port City é uma parceria entre a China Harbour Engineering Company (Chec) e o governo local. Considerado um modelo de cooperação internacional, a construção faz parte da Nova Rota da Seda (Belt and Road Initiative), projeto geopolítico chinês que pretende desenvolver a infraestrutura e os negócios com 70 países considerados relevantes. Para tanto, é fundamental ter poder econômico, político e militar nas regiões do Oceano Índico (confira o mapa ao final) e oeste do Pacífico. Todas as transações na zona econômica especial de Colombo, incluindo salários, serão em dólares americanos. Um atrativo fundamental e oportuno em um momento em que boa parte dos integrantes do G20 estuda como limitar os paraísos fiscais, que evadem lucros e limpam dinheiro criminoso.

Colombo Port City quando concluída, por volta de 2039, poderá abrigar 80 mil pessoas em uma área com regras de offshore

Saliya Wickramasuriya, membro da Comissão Econômica da Cidade Portuária de Colombo, explicou à BBC que o aterro marítimo dará ao Sri Lanka a chance de redesenhar o mapa e construir uma cidade de proporções e funcionalidade de classe mundial – e quem sabe, competir com Dubai ou Singapura. Contudo, os críticos questionam o quanto isso será realmente um divisor de águas econômico para o Sri Lanka. Para começar, para recuperar os 2,6 km quadrados de novas terras, o país precisa que a CHEC invista US$ 1,4 bilhão. Em troca, a empresa recebeu 43% em um contrato de arrendamento de 99 anos.

Após vários anos de dragagem, a atividade de construção está ganhando força e a nova cidade está tomando forma. Enormes guindastes supervisionados por engenheiros chineses estão movendo lajes de concreto, enquanto máquinas de terraplenagem enchem caminhões com toneladas de areia. Um canal que atravessa a terra recuperada já foi dragado, permitindo o acesso de pequenos barcos e iates. Iniciado em 2014, as autoridades srilanquesas estimam que levará cerca de 25 anos para concluir o projeto, o primeiro desse tipo no sul da Ásia.

O Sri Lanka informa que a terra sob seu controle e a área dada aos chineses serão arrendadas para multinacionais, bancos e outras empresas. O governo também pode cobrar uma taxa sobre a receita. A expectativa é que cerca de 80 mil pessoas vivam na nova cidade, que oferecerá isenção de impostos para quem investir e fizer negócios por lá. O projeto da cidade portuária foi apresentado oficialmente durante a visita do presidente chinês Xi Jinping a Colombo em 2014, um ano depois de lançar a Nova Rota da Seda.

E qual é a importância do pequeno Sri Lanka? A mesma que o grande areal dos Emirados Árabes Unidos (EAU) tinha há 40 anos. O Sri Lanka recorreu à China em busca de ajuda financeira para a reconstrução após uma longa guerra civil com os separatistas tâmeis, que terminou em 2009. As nações ocidentais levantaram preocupações sobre os abusos dos direitos humanos. Os chineses ocuparam o espaço vago em busca de negócios e reforçaram sua posição de potência mundial. Basta olhar o mapa dos investimentos da Nova Rota da Seda (acima). Com Sri Lanka, Paquistão e Bangladesh, os chineses praticamente cercam sua adversária Índia (que tem bombas nucleares), com quem possui disputas de frontira em seis locais, em uma tensão que beira o conflito armado. E também se estabelecem como parceiros próximos dos países da África oriental e dos países do Golfo Pérsico, em especial Irã e Iraque.

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