Segmento movimentou mais de R$ 1 bilhão entre janeiro e março, puxado por software B2B; relatório aponta retomada de confiança e retorno de investidores internacionais
O setor de fusões e aquisições (M&As) em tecnologia voltou a crescer com força no início de 2025, encerrando um ciclo de três anos consecutivos de retração. De acordo com o relatório Panorama FZF, divulgado pela FZF Capital, o número de transações no setor aumentou 87% no primeiro trimestre em relação ao mesmo período de 2024, com 58 negócios fechados e mais de R$ 1 bilhão movimentados.
O destaque ficou por conta do segmento de software B2B, que liderou as operações, seguido pelos setores de serviços financeiros e hardware. A recuperação, no entanto, já dava sinais desde o fim de 2024, quando os últimos três meses do ano superaram os oito primeiros em volume de transações, indicando um ambiente mais favorável à retomada.
“Os dados apontam para um ciclo de crescimento mais seletivo e maduro, focado em negócios saudáveis. Os investidores estão mais criteriosos, mas prontos para apoiar empresas com fundamentos sólidos. O Brasil voltou ao radar, agora com mais cautela e menos euforia”, analisa Kauê Pires, sócio da FZF Capital.
Além do aumento nas aquisições, o mercado de captação também mostrou vigor. Foram registradas 65 rodadas de investimento entre janeiro e março, totalizando R$ 1,9 bilhão — um crescimento de 67% em relação ao ano anterior. O software B2B concentrou R$ 700 milhões desse total, reforçando a tendência de digitalização no ambiente corporativo.
A volta de grandes players nacionais e internacionais ao mercado brasileiro reforça esse novo ciclo. A Sequoia Capital, tradicional gestora do Vale do Silício, voltou a investir no país após 12 anos, aportando R$ 32 milhões na startup Enter. O Itaú liderou duas rodadas em fevereiro: R$ 106 milhões na Neospace e outra, de valor não divulgado, na Kanastra.
Na frente das aquisições, a maior operação do trimestre foi protagonizada pela Sem Parar, que comprou o superapp Gringo por cerca de R$ 1 bilhão. O movimento visa consolidar um ecossistema completo para motoristas, ampliando o alcance da empresa no setor de mobilidade.
“A combinação de maior liquidez, retorno de investidores internacionais e protagonismo de players estratégicos aponta para um cenário de maior dinamismo ao longo de 2025”, conclui Pires.