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Consumo de cigarros eletrônicos cresce 600% no Brasil

Mesmo com proibição, cerca de 2,9 milhões de brasileiros e brasileiras admitiram ter usado cigarros eletrônicos nos últimos 30 dias

O consumo de cigarros eletrônicos no Brasil cresceu 600% nos últimos seis anos, mesmo com a proibição da venda do produto no país desde 2009. De acordo com uma pesquisa do Instituto Ipec, publicada em janeiro de 2024, cerca de 2,9 milhões de brasileiros e brasileiras admitiram ter usado cigarros eletrônicos nos últimos 30 dias.

O estudo também mostrou que os cigarros eletrônicos não são mais desconhecidos da população: 87% dos entrevistados disseram conhecer o produto. Além disso, 6,3 milhões de fumantes de cigarros tradicionais já experimentaram algum tipo de vape.

Entre os estados, o Paraná é o que tem a maior incidência de consumidores no Brasil, subindo de 0,9% para 4,5% da população entre 2018 e 2023. Em seguida aparece Mato Grosso do Sul, com 4% de incidência, e Distrito Federal, com 3,7%.

A pesquisa Ipec mostrou que o crescimento vertiginoso do consumo de vapes no Brasil aumenta a pressão sobre as autoridades para uma política pública que trate o assunto de maneira clara e mais efetiva.

Entre 2019 e 2023, as apreensões de cigarros eletrônicos contrabandeados dispararam de 23 mil unidades em 2019 para mais de 1,1 milhão em 2023, segundo dados da Receita Federal. Em valor estimado de mercadorias recolhidas, o aumento foi de R$ 1,9 milhão para R$ 53,4 milhões em cinco anos.

A senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), eleita pelo segundo estado que mais consome vape no Brasil, é autora de um projeto de lei que regulamenta o comércio dos dispositivos alternativos de entrega de nicotina. A parlamentar avalia que “a crescente utilização dos cigarros eletrônicos tem acontecido à revelia de qualquer regulamentação” e defende o estabelecimento de regras rigorosas para a comercialização do produto.

Mas o tema divide opiniões. O Conselho Federal de Medicina (CFM) classifica os cigarros eletrônicos como “porta de entrada” do tabagismo e defende a manutenção da proibição. A entidade médica pede que o governo federal e o Congresso mantenham a legislação que proíbe os dispositivos eletrônicos para fumar; o reforço aos mecanismos de repressão e controle; e o desenvolvimento de campanhas de esclarecimento sobre potenciais riscos do uso do cigarro eletrônico.

Por outro lado, o médico oncologista Edgard Mesquita Rodrigues Lima afirma que o debate sobre o assunto no Brasil tem sido marcado pela superficialidade e falta de embasamento técnico e científico.

“Os estudos mostram que o cigarro eletrônico não é isento de riscos, mas é menos danoso do que o cigarro convencional e pode ser uma boa ferramenta para redução de danos para fumantes de cigarro a combustão”, afirma o oncologista, em declaração à Folha de S. Paulo. “Sem regulamentação, não conseguimos nem fazer estudos próprios no Brasil nem colocar em pauta essa discussão sobre a redução de danos e deixamos os consumidores dos produtos ilegais sem informação e expostos a riscos”, completa o médico.

A regulamentação dos cigarros eletrônicos é uma realidade em cerca de 80 países. A Suécia, por exemplo, considera os vapes como menos prejudiciais do que os cigarros convencionais e está prestes a atingir uma taxa de prevalência de tabagismo abaixo de 5% nos próximos meses, um nível que está abaixo do limiar estabelecido para oficialmente ser considerado “livre do tabagismo”.

Segundo o relatório da Health Diplomats, a estratégia adotada pela Suécia para minimizar os efeitos prejudiciais do tabagismo resultou na menor porcentagem de doenças relacionadas ao tabaco na União Europeia e uma incidência de câncer 41% menor em comparação com outros países europeus.

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