(Reuters) – A Comissão de Ética Pública da Presidência da República decidiu impor censura ética ao ex-diretor-geral da Polícia Federal Fernando Segovia devido à entrevista dada à Reuters, na qual se manifestou sobre investigação em curso.
Segundo nota divulgada nesta terça-feira, com a entrevista, ocorreu infração ao Código de Conduta da Alta Administração Federal.
No dia 9 de fevereiro, Segovia concedeu entrevista à Reuters na qual afirmou não haver indícios de crime cometidos pelo presidente Michel Temer no chamado inquérito dos portos e indicou que a tendência era de arquivamento da investigação.
Na mesma entrevista, o então diretor-geral disse ainda que o delegado responsável pelo inquérito, Cleyber Malta Lopes, poderia ser investigado por eventuais abusos nos questionamentos que fez ao presidente, se houvesse uma queixa formal sobre isso.
A reação à fala de Segovia foi dura. Relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Luís Roberto Barroso intimou o delegado a prestar esclarecimentos e determinou que não falasse mais no caso. Depois, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, pediu ao STF que Segovia fosse proibido de falar no assunto sob pena de ser afastado do cargo.
Em 27 de fevereiro, ao assumir o novo Ministério da Segurança Pública, que passou a abrigar a Polícia Federal, Raul Jungmann demitiu Segovia do cargo.
(Por Alexandre Caverni)