Por Lin Taylor
LONDRES (Thomson Reuters Foundation) – Somente cinco de 10 agências de auxílio global estavam dispostas a divulgar a extensão de abusos sexuais de seus funcionários em uma pesquisa exclusiva, conforme um grande escândalo sexual envolvendo a organização britânica Oxfam reverbera pelo setor.
A Thomson Reuters Foundation pediu em novembro para 10 grandes agências de auxílio números sobre casos de abusos sexuais, assim como quantos funcionários foram demitidos como resultado.
Somente dois grupos – Save the Children e Oxfam – forneceram números, com 16 e 22 funcionários, respectivamente, demitidos no ano passado. A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) e o Norwegian Refugee Council (NRC) responderam diversas semanas depois.
Mas com a Oxfam sob fogo nos dias recentes por acusações de condutas sexuais impróprias no Haiti e no Chade, que prejudicaram financiamento da União Europeia e do governo britânico ao grupo, outro grupo humanitário apresentou números nesta terça-feira quando solicitado novamente.
Quatro não deram respostas e uma resposta estava pendente.
Diversos especialistas da área alertaram que a repercussão contra a Oxfam pode fazer com que organizações escondam casos de abusos sexuais por temores de perderem apoio e financiamentos do público, doadores e governos.
A agência de auxílio World Vision informou nesta terça-feira que houve 10 incidentes em 2016, envolvendo exploração sexual ou abuso de uma criança envolvida em uma das atividades da organização.
De 50 mil funcionários e voluntários, a agência cristã de desenvolvimento informou ter registrado quatro casos de assédios sexuais no ambiente de trabalho. A agência não informou quantas pessoas foram demitidas.
“Nós possuímos uma política de tolerância zero de incidentes de violência contra crianças cometidos por nosso funcionários ou voluntários”, disse o porta-voz Henry Makiwa, acrescentando que a agência divulga publicamente números de abusos sexuais a cada ano.
Em números atualizados nesta terça-feira, o MSF, que emprega 42 mil pessoas, informou que 20 foram demitidas em 2017 por abusos sexuais ou assédios, e 10 pessoas no ano anterior.
“Nós continuamos muito preocupados que muitos incidentes não são relatados e sabemos que nossos mecanismos precisam ser melhorados”, disse um porta-voz do MSF à Thomson Reuters Foundation por email.
A organização NRC informou que 13 casos de assédios sexuais foram relatados em 2017, mas não informou quantas pessoas foram demitidas como resultado.
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (ICRC) informou que “não poderia fornecer material com dados históricos sobre má conduta de funcionários”, mas que está construindo um banco de dados para coletar tais informações.
“Acreditamos que isso não é problema de uma única organização, mas um problema de todo o setor e precisamos trabalhar conjuntamente para superá-lo”, disse o porta-voz da ICRC, Sam Smith.