Por Rodrigo Campos
NOVA YORK (Reuters) – O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou nesta quinta-feira que o governo brasileiro vai analisar os detalhes das tarifas anunciadas pelo Estados Unidos sobre aço e alumínio antes de decidir se adota eventuais medidas, ao mesmo tempo em que ressaltou que o protecionismo é negativo.
“Medida protecionista, em geral, diminui a produtividade global”, afirmou Meirelles em entrevista a jornalistas brasileiros, após reuniões em Nova York. “Isso é uma medida isolada dos Estados Unidos, não nos configura guerra global.”
Na semana passada, o presidente dos Estados Unidos, DonaldTrump, anunciou que planejava taxar pesadamente importação deaço e alumínio, causando reações negativas imediatas nosmercados financeiros com temor de que uma guerra comercialglobal possa surgir a partir daí.
Trump impôs nesta quinta-feira tarifas de 25 por cento sobre importações de aço e 10 por cento sobre importações de alumínio, mas isentou Canadá e México, recuando de promessas anteriores de tarifas sobre todos os países.
Outros países podem pedir isenção das tarifas, de acordo com o governo norte-americano, embora haja poucos detalhes sobre como seriam aplicadas essas exceções. De acordo com Meirelles, o governo brasileiro já está em contato com a administração Trump para obter informações.
“Precisa saber que negociação é essa, vão negociar o que?”, afirmou o ministro. “Será analisado o que o Brasil tem a ganhar e o que tem a perder.”
Antes do anúncio, o ministro disse que o governo brasileiro ainda não havia chegado ao ponto de pensar em retaliação contra os EUA, porque iria esperar para ver o plano norte-americano final.
Mais cedo, falando a jornalistas após evento em Nova York junto com Meirelles, o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira,acrescentou que o movimento dos EUA encoraja o Brasile outros países a avançarem com acordos comerciais.
O ministro da Fazenda reiterou a visão após o anúncio das tarifas e citou especificamente as negociações com a União Europeia, que podem avançar mais após a sobretaxa imposta pelos EUA.
“Isso (tarifas) de qualquer maneira é mais um incentivo importante para o avanço das nossas negociações com a União Europeia, mostra a necessidade de o Brasil desenvolver outros parceiros comerciais”, afirmou Meirelles. “Isso reforça nossa negociação com a União Europeia porque aí reforça interesse dos dois lados, da União Europeia e do Mercosul.”