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Surto de ansiedade atinge 80% dos brasileiros na pandemia

Uma pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), entre maio e julho deste ano, revela que 80% da população brasileira tornou-se mais ansiosa durante a pandemia do novo coronavírus. A pesquisa, que ouviu 1.996 adultos, foi divulgada nas redes sociais.

“A principal conclusão foi que nesse período as pessoas desenvolveram ou aumentaram – quem já tinha – sintomas de estresse, ansiedade ou depressão. Isso foi bem marcante, até porque, quando se comparam os nossos dados com os de outros países, como Itália e China, 80% da população da nossa amostra chegaram a reportar sintomas moderados a graves de ansiedade e 68%, depressão”, disse à Agência Brasil a professora da UFRGS Adriane Ribeiro Rosa, coordenadora da pesquisa.

Em média, nos outros países, o índice é de 30%. Para Rosa, isso tem a ver com questões socioeconômicas e culturais, como renda e escolaridade, que tendem a ser mais baixas no Brasil. “É um fator que agrava sintomas relacionados à saúde mental. A gente sabe que, se os níveis de escolaridade e de renda são bons, funcionam como proteção. Mas, se são ruins, fazem o efeito contrário”, disse a coordenadora.

Os dados servem para chamar a atenção para o fato de que a covid-19 não ataca só o pulmão e a respiração, tendo também sequelas emocionais. “Tais sintomas podem inclusive persistir. Não é algo que vai acabar quando acabar a pandemia. Uma pessoa que tenha ansiedade ou depressão pode continuar com esse quadro por um longo período.”

A coordenadora ressaltou a necessidade de alertar os órgãos governamentais e os responsáveis pela saúde privada para que essas pessoas sejam atendidas. O impacto na saúde mental deveria ser considerado uma crise de saúde pública.

Transtornos

Rosa explicou que os transtornos psiquiátricos têm na base o estresse. “E o que se está vivendo nesses meses. Há um grupo que consegue lidar com essa situação, chamado resiliente, e um grupo mais suscetível, que acaba adoecendo, ou apresentando essa sintomatologia”, diz. A pesquisa mostrou também que 65% dos entrevistados têm sentimento de raiva; 63% sintomas somáticos, que podem ser sensação de dor, mal-estar gástrico; e 50% tiveram alteração do sono.

A pesquisadora destacou que a equipe multidisciplinar do Laboratório de Psiquiatria Molecular da UFRGS e do Hospital de Clínicas de Porto Alegre identificou as características do grupo que apresenta mais sintomas. “São as mulheres, os mais jovens, os de menor renda e menor escolaridade, e os que já tinham alguma história prévia de doença psiquiátrica”, revelou.

Este é o primeiro estudo brasileiro com o propósito de rastrear a prevalência de sintomas psiquiátricos na população brasileira em função da pandemia. Os resultados foram publicados no Journal of Psychiatric Research, sob o título “Covid-19 and Mental Health in Brazil: Psychiatric Symptoms in the General Population”. Não está descartada a possibilidade de nova pesquisa quando a situação estiver mais controlada, para que se possa fazer um trabalho comparativo.

(Agência Brasil)

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