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Quando fica calado, Lula é um poeta

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva parece ter desenvolvido um talento especial para falar bobagens que desafiam o senso comum. Em entrevista à rádio Gaúcha, ele disse o seguinte: “A Venezuela tem mais eleições do que o Brasil. O conceito de democracia é relativo para você e para mim”. Vamos dividir a frase de Lula em duas metades. A primeira, sobre o país governado por Nicolás Maduro com mão de ferro, é de uma estultice inacreditável. A Venezuela é uma ditadura, na qual nos últimos dias os principais opositores do regime foram desqualificados para as próximas eleições presidenciais.

Mas Lula tem razão ao dizer que o conceito de democracia é relativo para muitas pessoas. Vamos lembrar de uma frase de Karl Marx, que talvez explique a lógica do presidente ao defender que há um sistema democrático no país venezuelano. “A forma política de uma sociedade na qual o proletariado tira a burguesia do poder é chamada de ‘república democrática’”, disse Marx.

Sob esse aspecto, a Venezuela, uma ditadura do proletariado, pode ser classificada pelos marxistas como um regime democrático – desafiando o senso comum de qualquer eleitor, que sabe ser o voto livre a base de qualquer democracia.

A pergunta que não quer calar é: Lula está mesmo alinhado com o conceito marxista de democracia?

Para ficar no quadrante ideológico da esquerda, vale a pena lembrar de outra máxima, desta vez de Max Weber, sobre políticos e eleitores: “Em uma democracia, as pessoas escolhem um líder em quem confiam; então, o líder escolhido diz: ‘calem a boca e me respeitem’”. Será que Lula também se identifica com essa frase?

A declaração infeliz de Lula dá munição para os adversários políticos e ocorreu quase que simultaneamente à cassação dos direitos políticos do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo Tribunal Superior Eleitoral (que foi praticamente simultânea à inelegibilidade dos opositores de Maduro). Para piorar, o palco no qual Lula falou suas barbaridades foi o do Foro de São Paulo, uma organização que prega o estabelecimento de regimes de esquerda – em especial, o comunismo – na América Latina.

Cada vez mais, Lula dá sinais de que a chamada Frente Ampla, arregimentada pelo PT no segundo turno de 2022, era uma peça de ficção. A escalação dos ministros do novo governo já privilegiou muito mais a esquerda do que o centro e a direita. Mas todas as demonstrações públicas do presidente apontam para afagos dirigidos apenas a radicais esquerdistas. “Eles nos acusam de comunista achando que ficamos ofendidos com isso. Nós ficaríamos se chamassem de nazista, neofascista. Agora, comunista, isso não ofende. Isso nos orgulha”, arrematou o presidente da República.

Essas idiotices ocorrem justamente quando a economia dá mostras de que vai começar uma recuperação neste segundo semestre, depois de apresentar resultados surpreendentes de crescimento ainda no segundo trimestre. As asneiras do presidente, no entanto, podem minar o ânimo dos empresários e reduzir o ímpeto de recuperação. Como se sabe, o ambiente de negócios é muito importante para a continuidade de investimentos produtivos. Caso o presidente insista em cometer sincericídios, a economia pode andar com o freio de mão puxado.

Parafraseando o senador Romário: Lula, quando calado, é um poeta. Mas, ao abrir a boca, se torna um parvo a serviço de uma claque inconsequente. Neste aspecto, o presidente tem muito em comum com o antecessor Jair Bolsonaro, só que com o sinal trocado. Para o nosso infortúnio.

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