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Presidente, faça um favor ao país e tire uma licença médica

Desde o início do ano, muitos analistas comentam a diferença entre o comportamento atual do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e daquele apresentado em seus dois primeiros mandatos. Houve quem apontasse a influência da primeira-dama, Rosângela, como um fator de mudança; outros preferiram apontar os dias passados por Lula na cadeia para explicar a atitude irascível e pouco diplomática que se observava em 2023. Nesta semana, no entanto, surgiu uma informação que pode ajudar a explicar a fase do presidente na atualidade.

Ele terá de se submeter a uma operação para implante de prótese no quadril, diante de um quadro de artrose irreversível, que ocorre quando a cartilagem que recobre a extremidade do fêmur se desgasta completamente. Neste processo, o osso bate diretamente no quadril, provocando dores insuportáveis. Para contornar o problema, Lula vinha tomando injeções diárias (provavelmente de cortisona). Mas esse procedimento não estava mais fazendo efeito. Assim, o presidente submeteu-se anteontem a uma cirurgia de denervação, para reduzir a sensibilidade à dor na região afetada (a operação, contudo, não é garantia de eliminação total dos suplícios e seus efeitos têm duração curta).

Sofri o mesmo problema que o presidente Lula durante quatro anos seguidos, quando coloquei uma prótese do quadril direito (2018) e depois no esquerdo (2022). As dores são fortíssimas e ocorrem a cada movimento das pernas. Os piores instantes são quando uma pessoa se levanta e precisa dar o primeiro passo. Depois de alguma movimentação, a dor parece diminuir. Mas ela ressurgirá com maior potência se a caminhada for superior a 100 metros.

As dores provocam frustração e raiva e estão presentes na vida de quem tem artrose em um regime de 24 horas, sete dias por semana. Por que 24 horas? A resposta é simples: toda vez que a pessoa se mexe durante o sono para mudar de posição, é acordada por uma pontada aguda no quadril.

Temos, portanto, a presidência do país ocupada por alguém que é acossado pelas consequências psicológicas de uma dor crônica: uma pessoa frustrada e com raiva (e provavelmente cansada, pois experimenta um sono entrecortado). Este conjunto, assim, pode explicar parte do comportamento de Lula neste seu terceiro mandato.

Diante disso, presidente, ouça um conselho de quem já esteve em sua situação: não busque paliativos, como a operação feita nesta semana. No meu caso, utilizei bastante o canabidiol, que conseguia bloquear parte das dores. Mas isso não resolve o principal problema: a cartilagem do quadril acabou e as dores só vão aumentar, de uma forma inversamente proporcional à sua mobilidade. Portanto, a melhor coisa a fazer é antecipar a cirurgia, não a adiar.

Presidente Lula, faça um favor ao país: tire uma licença médica e coloque uma prótese no quadril imediatamente. A frustração e a raiva geradas pelas dores não são boas conselheiras para quem ocupa um cargo como o seu. Lembro de ter escrito uma coluna em 2014, para outra coluna, na qual eu afirmava que o então ministro Joaquim Barbosa não deveria exercer a função de juiz do Supremo Tribunal Federal enquanto fosse acometido por dores fortíssimas nas costas.

Tanto um magistrado como um presidente da República precisam estar no pleno domínio de suas emoções para exercer suas funções com equilíbrio e ponderação. A dor tira o autocontrole de qualquer pessoa e pode levá-la a tomar decisões equivocadas. Nenhum brasileiro, qualquer que seja a sua tendência ideológica, não vai querer que isso aconteça, certo?

Temos certeza de que o vice-presidente Geraldo Alckmin está mais do que apto a substituí-lo por um curto período de tempo. Aliás, presidente, prepare-se para o pós-operatório: a fisioterapia é chata, mas necessária. E não é curta. Conforme-se e dedique-se.

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