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Por que o presidente implica com os ministros populares?

Ontem, o presidente Jair Bolsonaro afirmou a um grupo à frente do Palácio do Alvorada que “algo subiu à cabeça” de “algumas pessoas no meu governo”. Continuou Bolsonaro: “Eram pessoas normais, mas, de repente, viraram estrelas. Falam pelos cotovelos. Tem provocações. A hora deles não chegou ainda não. Vai chegar a hora deles. E a minha caneta funciona. Não tenho medo de usar a caneta, nem pavor. E ela vai ser usada para o bem do Brasil. Não é para o meu bem. Nada pessoal meu”.

A mensagem parece ser clara e dirigida ao ministro Luiz Henrique Mandetta: por enquanto, você fica onde está. Mas, na primeira oportunidade, será demitido.

O presidente montou um ministério que, com raras exceções, é elogiado por seus predicados técnicos. Curiosamente, no entanto, existe um comportamento que se repete: quando um ministro ganha notoriedade acaba entrando na mira do presidente.

Ministros não são apenas a mão executiva do governo. Eles servem de anteparo ao presidente. Quando o governo vai mal em um determinado aspecto, o titular da pasta em questão é mandado embora. Ou então, quando um determinado nome se mostra impopular, a porta da rua é mostrada a ele, seja através de um bilhete azul ou por intermédio de uma fritura continuada.

No governo Bolsonaro, ocorre o contrário. Basta alguém do primeiro escalão aparecer muito na imprensa, ser elogiado ou ganhar popularidade que é alvo de ataques diretos ou indiretos. Isso já ocorreu com Sérgio Moro e Paulo Guedes. Até o vice-presidente Hamilton Mourão já levou suas bordoadas seguindo este mesmo padrão de conduta.

No mundo corporativo, o ciúme dos subordinados é algo comum. Há CEOs que preferem montar equipes opacas para brilhar mais. Isso ocorre também no poder público.

Mas, com Bolsonaro, foi diferente. O presidente montou um time com nomes que se sobressaem nos momentos difíceis. Não se trata de uma equipe medíocre e o mandatário sabia disso quando a nomeou. Por que, então, a reação ruim quando esses auxiliares recebem elogios?

Uma razão apontada é a de que a imprensa enaltece a equipe, mas não o presidente e isso irrita não apenas Bolsonaro como seus filhos. Ora, se o ocupante do Palácio do Planalto nomeou os ministros, o mérito é todo dele. Não há motivo para ficar com raiva.

Outra possível explicação é a das intrigas palacianas. O sucesso de um ministro pode ser encarado como o fracasso de outros membros da burocracia, que começa a fazer fofocas na esfera mais íntima do poder. Desses fuxicos surgem as intrigas e os mal entendidos. Pronto. O circo está armado.

Mas o esclarecimento pode ser mais simples – a predileção pela briga. Uma pessoa que já foi próxima do presidente gostava de dizer, em tom jocoso, que Bolsonaro não pode ver uma piscina lisinha que precisa jogar uns três marmanjos na água para ver alguma agitação. Uma semana depois de fazer essa brincadeira, ironicamente, este mesmo indivíduo brigou feio com o presidente e o bloqueou no WhatsApp.

Um presidente que não tomou posse, Tancredo Neves, era grande conhecedor da política nacional e gostava de dizer o seguinte: “Não são os homens, mas as ideias que brigam”. No caso de Bolsonaro e de seus filhos, entretanto, parece ocorrer justamente o contrário – as ideias não são o epicentro de uma briga e sim os homens que cercam o presidente. O combate é da natureza do mandatário, todos sabem. Mas há momentos em que é preciso pensar primeiro no país. Especialmente se a pessoa em questão dorme no Palácio da Alvorada e trabalha no Palácio do Planalto.

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