O pacote do governo apresentado para preservar empregos e empresas prevê a injeção de R$ 800 bilhões na economia, porém encontra resistências, principalmente de varejistas, que ameaçam abrir as portas, contrariando as recomendações sanitárias e os decretos municipais. No lado oposto, economistas alegam que as soluções são insuficientes e não tratam corretamente do problema da distribuição de renda. O ministro da economia, Paulo Guedes, tenta injetar otimismo nos críticos: “Fomos atingidos por um meteoro, mas vamos voar de novo”. Assim, o governo demonstra agir de modo pontual, enfrentando a crise com escalonamentos das medidas protetivas, de acordo com o horizonte de ameaças.
Guedes alega que nenhum brasileiro ficará sem assistência e que daqui cinco meses a crise vai acabar, permitindo que a economia se recupere. São R$ 200 bilhões em compulsórios, R$ 150 bilhões para a Caixa Econômica Federal e BNDES, R$ 150 bilhões em benefícios e cortes temporários em impostos, R$ 3 bilhões para o Bolsa Família e R$ 500 bilhões separados para novos gastos, mas que não estão contabilizados no plano.
Atentos para uma recessão que promete se tornar ainda mais intensa, grandes varejistas, como Havan, Riachuelo e Magazine Luiza, defendem a reabertura, ainda que parcial das lojas, a fim de evitar demissões. Uma das possibilidades seria a adoção de um modelo parecido com o sul-coreano ou o novaiorquino, que abriram parcialmente o varejo após a adoção de testes em toda a população.
Para Manoel Pires, coordenador do Observatório de Política Fiscal do FGV/IBRE, há pouco dinheiro novo envolvido. Ou seja, o governo realocou recursos e adiou tributos, mas pouca coisa irá para o sustento das famílias e empresas. Cerca de R$ 228 bilhões, o que equivale a 3% do PIB.