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Os militares e a fiscalização das eleições

Reportagem do jornal O Estado de S. Paulo publicada ontem mostra que vários oficiais de alta patente admitem que estão avaliando realizar uma contagem extraoficial de votos – uma espécie de fiscalização dos números que serão divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral. Como será isso? Muito provavelmente, segundo os militares ouvidos, haverá uma soma a partir dos boletins impressos de cada urna eletrônica.

Uma ideia que vem sendo repetida pelo presidente Jair Bolsonaro, a apuração paralela das Forças Armadas ainda não é uma realidade, segundo um general ouvido pelo Estadão. De qualquer forma, essa hipótese provoca algumas reações de quem acompanha de perto o universo político.

A primeira que surge é a contradição entre o discurso de Bolsonaro e a solução engendrada, por enquanto, pelos homens de farda. O presidente vem colocando em dúvida a segurança e a inviolabilidade das urnas – e essa é uma ideia que vem sendo também propagada por muitos apoiadores do governo. Ora, a ideia dos militares é somar os resultados dos boletins impressos de cada urna. Isso que dizer que, na prática, os militares encarregados de auditar o resultado confiam nos documentos gerados pelos aparelhos de votação.

O Ministério da Defesa dedicou um grupo para estudar o assunto, que vem chamando o plano de “acompanhamento da totalização”. Antes de mais, é preciso perguntar: essa é uma tarefa desta pasta? Em sua página na internet, o ministério apresenta seus onze objetivos principais, dos quais se destaca o oitavo: “manter as Forças Armadas aprestadas, modernas e integradas; com crescente profissionalização, operando de forma conjunta e adequadamente desdobradas no território nacional”. Nestes onze tópicos, não há uma só menção em relação ao processo eleitoral brasileiro ou coisa do gênero.

Outra pergunta deve ser feita: se o presidente da República fosse um civil com muitas dúvidas sobre o processo que o elegeu, as Forças Armadas estariam propondo uma contagem paralela de votos? Dificilmente. Ou seja, essa iniciativa parece ser um ato de corporativismo, uma vez que o mandatário da Nação foi, 34 anos atrás, capitão de artilharia (muitos acreditam que Bolsonaro foi um tenente guindado ao posto de capitão com a reforma; isso não é verdade).

Mais uma questão: a Defesa vai entrar em campo se o TSE proclamar Bolsonaro vencedor? Ou a conferência só será realizada se Lula vencer o pleito?

No final das contas, talvez essa contagem paralela seja bem-vinda. Se houver divergências, deve-se investigar o que está errado e corrigir eventuais falhas no sistema. Mas, se o resultado compilado pelo Exército for igual ao divulgado pelo TSE, o que deve ocorrer, nos livraremos de uma vez por todas dessa Teoria da Conspiração e viraremos essa página.

P.S.: hoje, faço uma cirurgia e fico no estaleiro por alguns dias. Espero voltar o mais rápido possível ao nosso convívio diário.

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