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Os extremos da política estão se organizando. E o resto da sociedade?

As manifestações do último domingo ganharam justificativas mais palatáveis ao processo democrático e trouxeram um público razoável às ruas. Não chegou a ser uma multidão igual à dos tempos do impeachment de Dilma Rousseff, mas atingiu uma massa que não pode ser ignorada e significa apoio direto ao governo de Jair Bolsonaro, além de uma massa de pressão sobre o Congresso – mais especificamente os integrantes do Centrão que pretendiam chantagear o Planalto para aprovar as mudanças ou que não iriam votar as medidas necessárias para a modernização do país.

Desde os tempos de Lula, e isso pôde ser visto no pleito de 2018, a esquerda está organizada e é acionada de tempos em tempos para protestar em relação a determinados temas. O que se percebe, agora, é que a direita está também se organizando e indo às ruas.

Como ocorre nas manifestações populares de esquerda, havia muitos extremistas misturados aos manifestantes. Qual a diferença? Ao contrário das passeatas que contavam com membros dos chamados “Black Blocs”, não houve um só registro de violência nas ruas no último domingo, o que deve ser elogiado.

Se as camadas mais próximas da extrema esquerda e da extrema direita estão se organizando, o que vai acontecer com as versões “light” da esquerda e direita e o chamado centro? Ficarão de fora desses movimentos organizados?

Isso vai depender das bandeiras que serão levantadas pelas passeatas. Se a manifestação de domingo tivesse, por exemplo, insistido em um de seus mantras iniciais, como o fechamento do Congresso, iria amargar um fracasso sem precedentes. Quando abraçou as reformas da agenda econômica, no entanto, ganhou musculatura e representatividade. Por isso, é razoável imaginar que quanto mais democráticos e menos radicais forem os objetivos destas manifestações, a adesão da sociedade será maior. E trará representantes da direita “light” e do centro.

Este é um expediente, contudo, que não pode ser utilizado com frequência. Caso contrário, cai no descrédito e perde força. Daqui para a frente, o governo precisa pensar em novas formas de pressão para conseguir o que deseja do Congresso. A carta das manifestações já foi usada e não pode ser repetida tão cedo.

No mundo das redes sociais, os grupos se unem a partir de consensos. Na vida real, ocorre o mesmo. Por isso, se quiser aumentar o apoio popular e reverter uma queda recente de popularidade, o Planalto deve encontrar um inimigo comum com a sociedade. Aquele que atrapalha o andar da modernidade e o trabalha contra o fim dos privilégios. Não, não estou falando dos parlamentares – e sim de uma oligarquia quase intocável: a dos funcionários públicos de baixa produtividade com grandes vencimentos e protegidos por uma lei trabalhista pré-histórica. Ao centrar fogo neste conjunto de privilegiados, mostrando suas benesses e sua incompetência, o Executivo conseguirá o apoio necessário para promover o cerco a esses neo-marajás. E irá unir a sociedade em torno de um objetivo comum.

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