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O PT possui um “gabinete do ódio” para chamar de seu

Muitos analistas políticos gostam de dizer que, tirando conceito ideológicos e econômicos, há inúmeras características em comum entre esquerdistas e direitistas. Nesta semana, descobriu-se mais uma dessas semelhanças: o governo de Luiz Inácio Lula da Silva tem a sua própria versão do chamado “gabinete do ódio” que havia nos tempos de Jair Bolsonaro. A diferença é que os petistas chamam essa iniciativa de “gabinete da ousadia”.

Segundo reportagem do jornal “O Estado de S. Paulo”, a atuação deste grupo foi detalhada em uma apresentação feita pelo deputado Jilmar Tatto ao Partido dos Trabalhadores. O “Estadão” obteve uma cópia deste conjunto de slides, que diz o seguinte: “Às 8h da manhã tem um pedacinho do povo do PT, da delegação nacional, junto ao pessoal da Câmara, da liderança do PT, junto com o Senado, junto com a Secom do governo Lula. É feita uma reunião de pauta. O que é uma reunião de pauta? É sobre o que vamos abordar hoje. E nós produzimos conteúdo, passamos para o Brasil inteiro, vai para o site. Todos os dias, todos os dias”.

O deputado Tatto, procurado pela reportagem, ressalvou que a participação da Secom não é diária e que frequentemente há encontros com influenciadores para discutir temas que possam ser difundidos por diversos canais da internet. Alguns desses assuntos seriam: tragédia no Rio Grande do Sul, divulgação das novas taxas Selic, novo PAC e aprovação do governo. Além de tentar promover uma comunicação positiva para o governo, o grupo também mobiliza militantes para reagir a reportagens ou matérias que exponham problemas da administração petista.

Pode-se argumentar que o gabinete do PT não se pauta – pelo menos oficialmente – a disseminar “fake news”, como víamos nos tempos em que o bolsonarismo estava encastelado no poder. Mas, fora isso, a dinâmica é a mesma: falar bem da administração petista e atacar os adversários.

É possível entender tal iniciativa. Afinal, desde o momento zero do chamado Lula 3, a comunicação do governo tem deixado a desejar. Para suprir essa deficiência, os assessores de Lula resolveram copiar uma das marcas registradas da gestão Bolsonaro, o estímulo contínuo da militância através das redes sociais.

Com a aprovação de Lula em queda desde o ano passado, é natural o Planalto achar que o jogo possa ser virado na arena digital. O problema é que uma boa comunicação depende de exemplos frutíferos da vida real que possam ser trabalhados. Ultimamente, no entanto, faltam boas notícias vindas do governo, que se dedica mais a buscar elevar sua arrecadação do que criar projetos que possam naturalmente estimular a economia.

Toda vez que um governo enfrenta uma crise, a tendência é agir com o fígado – e isso pode trazer grandes problemas de imagem. Quando André Franco Montoro assumiu o Palácio dos Bandeirantes, em 1983, enfrentou uma prova de fogo neste período inicial. Um grupo de manifestantes em frente à sede do governo estadual se descontrolou e começou a derrubar as cercas da propriedade.

Ao ver a integridade física do Palácio ameaçada, os policiais encarregados pela segurança do local não tiveram dúvidas: sacaram seus cassetetes e distribuíram sopapos a torto e a direito, desbaratando a manifestação. Esta ação, comandada por um governador eleito pelas urnas meses antes (os antecessores eram escolhidos pela ditadura militar), foi apelidada pela imprensa na época de “cassetete democrático”.

Os episódios guardam semelhança entre si: são práticas direitistas que foram absorvidas pelos esquerdistas. É uma pena que o governo de Lula copie apenas os defeitos de seu antecessor. Melhor seria se mimetizasse as suas qualidades, como a tentativa de controlar gastos públicos e a edição de medidas pró-mercado.

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