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O Exército, queimado à direita e à esquerda, tenta melhorar a imagem

O deputado federal Alexandre Ramagem é conhecido por ser um bolsonarista de quatro costados. E, geralmente, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro são bastante alinhados com o Exército brasileiro e demais forças armadas. Apesar disso, ontem, Ramagem encaminhou um pedido inusitado na CPMI de 8 de janeiro. Ele quer saber quais foram os militares envolvidos no episódio e qual foi o “protocolo de planejamento operacional estratégico definido para impedir qualquer tipo de invasão, depredação e outros ilícitos nas sedes e instalações de quaisquer dos Poderes da República ou órgãos públicos federais”.

O intuito do requerimento, aparentemente, é mostrar que houve corpo mole por parte do alto comando militar – algo que se comenta desde que as concentrações em frente aos quarteis começaram após as eleições de 30 de outubro.

Desde que as Forças Armadas optaram pela legalidade e nada fizeram para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva – ou apeá-lo do poder –, os bolsonaristas se desencantaram com os militares, até então vistos como a última força com a qual poderiam contar contra a iminente ascensão da esquerda. Do desencanto à antipatia, pelo jeito, foi um passo.

Do outro lado do espectro ideológico, esquerdistas não confiam no Exército por conta de manifestações golpistas de alguns oficiais e do apoio dado, de forma generalizada, dos fardados ao governo de Bolsonaro.

Para piorar a situação, a atuação do ex-ajudante de ordens do ex-presidente, Mauro Cid, envolvido na venda de relógios e de joias nos Estados Unidos também contribuiu para piorar a imagem pública do Exército – até porque contou com a participação do pai do tenente-coronel, o general da reserva Mauro Lourena Cid. O episódio acabou trazendo uma nódoa para a imagem de extrema correção construída pelos militares brasileiros ao longo dos anos.

Isso pode ser percebido em uma pesquisa conduzida pela consultoria Quaest e divulgada nesta semana. Em todos os indicadores de confiança, o resultado é catastrófico para as Forças Armadas. Cerca de 33% disseram “confiar muito” nos militares agora, diante de 43% que responderam a mesma coisa em dezembro do ano passado. Já quem diz “confiar pouco” ou “não confiar” passou de 54% para 64%. Entre aqueles que votaram em Bolsonaro no segundo turno, os que confiam muito passaram de 61% para 40%.

Diante desta tempestade perfeita, o Exército tomou um conjunto de providências, através de uma ordem fragmentária do comandante da instituição, general Tomás Paiva. De um lado, ele pretende melhorar o padrão de vida dos militares, com medidas relacionadas, por exemplo, ao sistema de saúde e às moradias da categoria. De outro, quer uma ofensiva de comunicação para melhorar a imagem da instituição, desvinculando-a do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Para isso, deve criar uma Associação de Amigos do Exército Brasileiro, com o propósito de ajudar na construção de um projeto de relações públicas. O Exército não é exatamente conhecido por saber se comunicar com a sociedade ou ter grandes conhecedores do marketing em seus quadros.

Portanto, a chance de essa iniciativa dar certo parece ser pequena. Muito pequena.

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