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O Brasil de 2018 nada tem a ver com o de 2024

Façamos um flashback rápido, viajando ao final de 2018: a operação Lava-Jato estava no auge e Jair Bolsonaro tinha vencido a disputa pela presidência da República. Sergio Moro era talvez a figura mais popular do país, Luiz Inácio Lula da Silva estava na cadeia e a corrupção era vista como o principal problema brasileiro.

Seis anos depois, nem parece que estamos no mesmo Brasil. Lula é o presidente, a Lava-Jato está sob uma avalanche de críticas, Moro corre o sério risco de perder seu mandato de senador e Jair Bolsonaro sofre várias ações na Justiça, entre as quais uma acusação de tentativa de golpe de Estado, que conta com muitas evidências sólidas e depoimentos que comprometem o ex-presidente.

Uma frase atribuída ao filósofo alemão Friedrich Nietzche pode ser utilizada para explicar esse maremoto de mudanças: “O diabo está nos detalhes”. Não existe uma só explicação para a transformação ocorrida no Brasil nesses quase seis anos, mas sim um conjunto de detalhes que se somaram e foram transformando a nação aos poucos.

De qualquer forma, a Lava-Jato é um exemplo claro de como determinadas minúcias permitiram seu crescimento rápido e, depois, sua derrocada. Ao deixar um número expressivo de acusados mofando na cadeia para obter delações premiadas, por exemplo, a Lava-Jato acabou abrindo a porta para inúmeras críticas de juristas e advogados.

Quando as mensagens trocadas pelos integrantes da Força-Tarefa foram reveladas, no âmbito daquilo que se chamou de Vaza-Jato, a popularidade dos juízes e procuradores envolvidos no processo começou a cair. Foi a senha que o Supremo Tribunal Federal estava esperando para atacar determinados erros jurídicos cometidos por Moro e pelo procurador Deltan Dallagnol.

Se certos detalhes foram a razão para atacar a Lava-Jato, pode-se dizer que o mesmo ocorreu com Bolsonaro. Seus colaboradores deixaram pontas soltas e evidências que se tornaram comprometedoras e podem ser fatais no futuro próximo.

O caso da reunião em que se discutiu a possibilidade de intervenção no caso de vitória do PT nas eleições é um bom exemplo. Em primeiro lugar, por que alguém gravaria uma reunião dessas? E, uma vez gravada, qual seria a razão de manter uma gravação tão comprometedora?

O mesmo pode ser dito em relação à tal minuta do golpe, que acabou aquecendo as investigações da Polícia Federal sobre a tentativa de ruptura institucional. Quem guardaria um documento desses em seus arquivos?

Isso mostra um comportamento comum entre a turma de Bolsonaro e a de Moro. Em algum momento, eles se preocuparam tanto com seus objetivos que se esqueceram de pormenores que depois se transformariam em grandes problemas.

Mesmo assim, precisamos entender melhor as mudanças que nortearam uma parte do Brasil a rejeitar Bolsonaro e reduzir a aprovação em torno de Moro. O brasileiro em geral não é fã dos radicalismos e é muito impactado por registros que mostram o lado negro das pessoas (Vaza-Jato e bastidores da tentativa de golpe). Moro e Bolsonaro, hoje, deveriam rever suas posições do passado para pensar no futuro.

Mas o que se vê é outra coisa: tanto o senador como o ex-presidente se colocam como vítimas. Eles até podem sofrer perseguições por parte do STF e do Tribunal Superior Eleitoral – mas deram motivos de sobra para que isso ocorresse.

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