Os dias de superministro de Paulo Guedes já acabaram. Mas ele pode perder ainda mais espaço na Esplanada se depender do Centrão. O principal grupo de apoio político do presidente Jair Bolsonaro acaba de ser contemplado com o mais prestigioso dos ministérios, o da Casa Civil, que deverá ser ocupado pelo senador Ciro Nogueira – e acabou provocando a recriação da pasta de Trabalho e Previdência (antes sob o teto da Economia).
Agora, os esforços serão concentrados para que o Ministério do Planejamento, responsável pelo orçamento do governo e hoje reduzido a uma secretaria especial, seja recriado e entregue aos centristas. Ciro deve atuar em duas frentes – a primeira seria convencer Bolsonaro de que essa manobra seria indispensável para destravar as reformas e melhorar a relação do Planalto com o Congresso. A segunda, mais difícil, seria atenuar o descontentamento de Guedes com mais uma demonstração inequívoca de poder em decréscimo.
Guedes já avisou que não cederá fácil. “Qualquer pedido que pudesse desviar o nosso programa, o presidente sempre me deu apoio total. Houve pedido para recriar Ministério do Planejamento, da Indústria, do Trabalho. E o presidente nunca cedeu”, afirmou Guedes a um grupo de jornalistas na sexta-feira (23).
Mas dificilmente o Centrão perderá essa batalha. E, apesar de tudo, Guedes deverá continuar na Esplanada, embora visivelmente esvaziado.