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No Brasil, sobram atritos e falta plano de vacinação

O governador de São Paulo, João Doria, afirmou que a vacinação contra a covid-19 começará pelos profissionais de saúde, quilombolas, indígenas e pessoas acima dos 60 anos, nessa ordem. Isso totalizará 9 milhões de pessoas e 18 milhões de doses (duas doses por pessoa), na primeira fase da campanha paulista (de 25 de janeiro a 28 de março). O plano estadual de imunização (PEI) foi anunciado nesta segunda-feira (7). Porém, a CoronaVac, desenvolvida em parceria entre o Instituto Butantan e a farmacêutica chinesa SinoVac, ainda precisa da autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O pronunciamento de Doria pode ser visto, sob o aspecto político, como uma provocação e um chamado à aberta discussão com seu antagonista, o presidente Jair Bolsonaro.

O que destoa da parte do presidente em seu embate com Doria é a falta de um plano nacional, independente de uma vacina aprovada. O que se configura é um impasse político agravado por problemas logísticos e uma provável judicialização da vacina, já que o caso pode ir – para variar – ao STF, diante do temor que a Anvisa atrase a liberação da CoronaVac, mesmo com todos os parâmetros científicos finais cumpridos. Do lado oposto, se Doria forçar, o governo federal não permitirá uma campanha sem aval técnico e científico das autoridades sanitárias federais – no que está amparado na lei.

E o que isso quer dizer para os brasileiros? Muito pouco. Apenas que a principal questão do momento, durante a maior ameaça à saúde pública no século XXI, está sendo deixada de lado: quando os brasileiros poderão ser imunizados. Apenas nesta segunda-feira, o Diário Oficial da União (DOU) divulgou a criação de um comitê técnico do Ministério da Saúde para acompanhar a vacina desenvolvida há meses entre a Universidade de Oxford e a farmacêutica AstraZeneca, que está sendo testada no país. Em 1° de dezembro, o ministério divulgou um documento preliminar sobre como deve ocorrer a vacinação no Brasil, mas ainda sem datas e, pior, cronogramas partir do surgimento de uma solução. Em entrevista ao jornal El País, o ex-secretário de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde, Wanderson Oliveira, afirmou: “não é possível uma grande campanha de vacinação no Brasil a partir do primeiro semestre”. Ele acredita que a imunização coletiva em 2021 deve demorar por problemas logísticos e reduzida capacidade de produção. Ele também considerou prematuro o desmonte dos hospitais de campanha.

Enquanto o governo federal fica sem uma definição clara sobre as imunizações no resto do Brasil, São Paulo se prepara para um possível turismo de vacina, com pessoas de outros estados procurando imunização. Para um maior controle, o secretário de Saúde da capital paulista, Edson Aparecido, afirmou à Globonews, nesta segunda-feira, que o prontuário eletrônico das pessoas tratadas no Sistema Único de Saúde (SUS) será usado para averiguar a origem de quem estará nas filas. Não está claro se o governo poderá impedir quem vem de fora de ser atendido, já que a saúde pública é universalizada no Brasil, que vive uma pandemia. Ou seja, mesmo se tudo der certo, será necessário esclarecer a dúvida criada pelo secretário municipal. Outras devem surgir.

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