O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, está no epicentro de uma das maiores crises já vividas pelo país e conta com uma aprovação de 76 % da população, segundo pesquisa do Datafolha. O ministro defende a manutenção da quarentena como melhor forma de combater o colapso no atendimento hospitalar que pode vir com a pandemia do coronavírus, mas essa posição é diferente da de Jair Bolsonaro. O presidente prefere reabrir estabelecimentos comerciais, escritórios e escolas para fazer o vírus circular e imunizar as pessoas — com o custo de um número considerável de mortes (algo que Bolsonaro considerá inevitável).
Este antagonismo público gera boatos diários sobre a saída de Mandetta, que são desmentidos pelo próprio governo. Ontem, confrontado pelos jornalistas se deixaria o ministério, ele foi enfático: “Eu tenho uma coisa na minha vida que aprendi com meus mestres: médico não abandona o paciente”.
Apesar da aprovação de três quartos da população, o ministro começa a sofrer ataques nas redes sociais. Começou a circular no mundo digital um vídeo que sugere o envolvimento da cúpula do Ministério da Saúde em esquema de corrupção para beneficiar determinados hospitais e desenvolvedores de tecnologia na implementação do E-SUS ( versão digital do Sistema Único de Saúde). Sem nenhuma prova ou evidência, este tipo de denúncia só serve para gerar uma turbulência desnecessária num momento difícil para o país.