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Mandar a máquina pública para o centro de SP, uma ótima ideia

O secretário-geral do Partido Comunista soviético, Nikita Kruschev, nunca foi um entusiasta da democracia. E até por isso era bastante mordaz em relação aos políticos. Ele dizia: “São todos iguais. Prometem construir pontes mesmo onde não existem rios”. A mensagem subliminar dessa frase, típica do comunismo, é a de que os eleitores acabam votando em mentirosos. Mas há um fundo de verdade naquilo que disse Kruschev: há, de fato, políticos que prometem no atacado e entregam no varejo.

Nesta semana, porém, vimos aqui em São Paulo uma promessa de campanha ganhar corpo, prestes a se tornar realidade. O governador Tarcísio de Freitas havia anunciado, durante a eleição, que pretendia concentrar todas as secretarias de governo no centro da cidade. A ideia era retirar as secretarias que estão hoje alojadas no Palácio dos Bandeirantes (e em prédios localizados fora da região central, como Itaim Bibi e Pinheiros) juntando-as em um centro administrativo que terá como pontos de referência o Palácio dos Campos Elíseos e a Praça Princesa Isabel (aquela em que está o Monumento ao Duque de Caxias).

Nesta semana, Tarcísio declarou que o processo de mudança já começou e que vai construir alguns prédios para abrigar todos os 24.000 funcionários estaduais que serão transferidos ao local. Na prática, essa mudança vai ajudar a revitalizar um bairro devastado por anos de convivência com a Cracolândia. Talvez seja a única providência que de fato poderá reverter a decadência crônica pela qual passa aquele pedaço do centro da cidade há décadas.

A pergunta que devemos fazer, agora, é: o que vai acontecer com a Cracolândia? Conforme o centro ganhar público nas calçadas, maior policiamento e prosperidade no comércio, os consumidores de droga vão migrar para outro lugar? Isso precisa ser previsto pelo governo. Caso contrário, estaremos apenas mudando de local o problema.

Dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado mostram que um roubo é praticado na região a cada duas horas. Essa frequência é inadmissível – tanto que é que o próprio Tarcísio ordenou reforço do policiamento no final de 2023 na região central.

Mas apenas aumentar o número de policiais não é suficiente. É preciso reativar a microeconomia local estimulando a criação e a expansão de restaurantes e lojas para atender essa parcela significativa de novos habitantes. Mas de nada vai adiantar essa medida se não for acompanhada de um novo projeto de segurança para o quadrilátero onde o novo centro administrativo será erguido.

Nikita Kruschev teve como principal oponente o presidente John F. Kennedy, este sim um defensor do sistema democrático e dos valores de uma verdadeira república. Tarcísio, se continuar assim, poderá repetir uma frase que era repetida por Kennedy à exaustão: “Eu prefiro ser acusado de quebrar precedentes a quebrar promessas”.

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