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Lula deve escolher popularidade em vez de responsabilidade

A pesquisa Quaest, divulgada nesta semana, mostra que a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva continua a cair em um ritmo lento e sólido. Hoje, os índices de aprovação e desaprovação estão empatados tecnicamente, uma situação inédita desde o início do mandato. Ao mesmo tempo em que isso ocorre no panorama político, vemos que as contas públicas, mesmo com as metas fiscais afrouxadas, ainda são vistas pelo mercado financeiro como utópicas.

Diante de uma popularidade cadente, Lula vai ceder aos apelos do ministro Fernando Haddad e colocar um freio nos gastos públicos? Dificilmente, ainda mais quando lembramos que o presidente já disse que o Executivo precisa torrar sem dó seus recursos financeiros. A situação lembra muito o que aconteceu em um mandato anterior de Lula, quando o então ministro Antonio Palocci dizia, em uma reunião ministerial, que estava preocupado com as contas públicas. Sua colega na época, Dilma Rousseff, teria replicado que “gasto público é vida” – estratégia que a ex-presidente utilizou sem parcimônia durante seu período no Palácio do Planalto. O resultado de tamanho descontrole? A maléfica combinação de inflação e recessão.

A tentação é grande, pois alguns governantes acham que o dinheiro estatal gasto sem responsabilidade, vai provocar prosperidade e crescimento sem nenhuma decorrência nefasta. Ocorre que a inflação fatalmente será a consequência inevitável dessa imprudência – e alta de preços acaba combalindo o consumo e refreando investimentos.

Para piorar, não temos ainda sinais muito claros de como a economia internacional vai influenciar no fluxo global de investimentos. Diante das incertezas, o Banco Central decidiu diminuir o ritmo de redução da Selic: o corte desta semana foi de 0,25%. Pela primeira vez, desde o governo Lula, houve um racha. Os diretores nomeados pela administração petista votaram por um corte de 0,5% e foram derrotados pelos cinco remanescentes do mandato anterior.

Os agentes financeiros ficaram ressabiados ao perceber que os novos diretores queriam um corte mais agressivo. Por isso, não foi surpresa a alta do dólar que se seguiu à decisão do Comitê de Política Monetária do BC.

Mas, quando imaginamos que ainda falta bastante tempo para o final do mandato de Lula, sente-se uma forte dose de alarmismo no ar. Afinal, estamos falando de dois anos e meio de sobressaltos em relação ao controle do déficit público.

No ano passado, economistas e banqueiros ficaram bem impressionados com o ministro Haddad, tanto por seus propósitos como por seu poder de influenciar o presidente Lula. Hoje, no entanto, esses mesmos personagens percebem que a força de Haddad não é mais a mesma e que ele vem sendo seguidamente derrotado pelos interesses dos ministros gastões e fãs da irresponsabilidade fiscal.

Com Haddad apagado, sobe a estrela de quem não se preocupa com os princípios macroeconômicos do país. Esse cenário, combinado com a popularidade de Lula em queda, deve provocar um resultado temerário: a abertura das torneiras públicas como se não houvesse amanhã.

Nós já vimos esse filme durante o governo de Dilma. O problema é que morremos ao final.

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