Quem depende dos finais de semana para manter o faturamento de seus estabelecimentos contesta a decisão do governo do estado de São Paulo, que determinou o fechamento de todas as atividades não essenciais aos finais de semana pelo menos até 8 de fevereiro. As regras da fase vermelha também incluem o fechamento do comércio e serviços não essenciais das 20h às 6h durante os dias úteis em todas as regiões do estado. Na manhã desta quarta-feira (27), cerca de 300 pessoas, entre proprietários e funcionários, participaram de um protesto na Avenida Paulista.
A decisão sufoca restaurantes, bares, shoppings e salões de beleza, que tentam mudar os dias de fechamento para não perderem ainda mais movimento. Os pedidos já foram apresentados no Palácio dos Bandeirantes. “Já ficamos fechados por 20 semanas. Na Europa, fecharam só 8 semanas”, diz Sylvio Lazzarini, vice-presidente do Sindicato de Restaurantes, Bares e Similares de São Paulo e Região (Sindresbar) e sócio do Varanda Grill. O que Lazzarini defende são multas pesadas a quem desrespeita as regras, promovendo festas clandestinas e aglomerações. Para tanto, sugere a criação de uma força-tarefa de fiscalização, em vez de apenas impedir o trabalho de quem fez tudo certo até agora. “Os fins de semana representam 50% do faturamento de muitos estabelecimentos”, diz. Em dezembro, Lazzarini participou das discussões sobre a limitação do horário para venda de bebidas em restaurantes e bares.
Com cerca de 300 mil salões de beleza fechados desde o início da pandemia, o que representa um encolhimento de 20% do setor desde o início de 2020, a associação nacional setorial (ABSB) tenta convencer o governador João Doria a permitir o funcionamento aos sábados, que representam 60% do faturamento. Em troca, eles preferem fechar em outros dias da semana. Rosângela Barchetta, diretora da ABSB e sócia do Studio W, alerta para o risco imprevisto da informalidade, que pode contribuir para a disseminação da pandemia. Com os estabelecimentos fechados nos dias de maior movimento, ela acredita que os clientes serão atendidos em casa, um ambiente menos seguro, por profissionais que não conseguirão respeitar todas as regras sanitárias. “Somos o setor que apresentou os primeiros protocolos de saúde. Com atendimento a domicílio, o risco poderá ser maior”, diz. O governo não indicou se irá atender os pedidos das entidades.