Na confusão que marcou a eleição do presidente do senado, Davi Alcolumbre, um episódio não sai da cabeça dos observadores políticos – a soma de 82 votos no primeiro escrutínio, com um sufrágio a mais que o numero total de senadores, 81.
O senador Major Olímpio (PSL-SP) foi rápido no gatilho e cobrou uma investigação, solicitando imagens de circuito fechado. Mas estamos perto de completar duas semanas desde o pedido do parlamentar de São Paulo. Até agora, nada.
Uma imagem captada pelas emissoras de TV sugere que os dois votos que estavam fora dos envelopes e que, em tese, um deles seria o fraudulento, seriam de Renan Calheiros. Se o senador alagoano fez parte da fraude, ainda não se sabe. Mas a chance de que o autor da falcatrua ser de sua turma é altíssima.
A pergunta que não quer calar é: por que está demorando tanto para se apontar um culpado? É só analisar as imagens e ver quem depositou os votos sem envelope. Ou pesquisar os registros feitos dos senadores até encontrar o fraudador.
A sociedade brasileira repudia a conivência com a desonestidade. A renovação da Câmara Alta chegou a 85 % (O.K., há quem voltou a ser senador e ex-deputados que subiram ao Senado; mesmo assim, a renovação é enorme: 20 senadores nunca tinham sido eleitos antes). Esse índice revela o descontentamento da população, que está cansada de ser conduzida de forma enganosa por boa parte dos políticos.
Que essa fase chegue ao fim. A derrota de Renan Calheiros pouco adiantará se o Senado se fechar em copas e proteger o parlamentar que tentou votar duas vezes. Estamos em plena era digital e centenas de smartphones registraram tudo o que ocorria durante aquele dois de fevereiro. Portanto, é impossível que não existam imagens do salafrário que depositou duas cédulas na urna. Vamos dar nomes aos bois. Apontar o culpado. E retirá-lo do Congresso. O mais rápido possível.