Guarda Costeira americana confirmou que o todos os passageiros morreram e que o submarino teria implodido devido à perda de pressão na cabine
Em coletiva de impressa concedida na tarde desta quinta-feira (22), a Guarda Costeira dos Estados Unidos confirmou que encontrou os destroços do submersível Titan, que fazia uma expedição ao naufrágio do transatlântico Titanic, nas profundezas do Atlântico Norte. Os militares confirmaram o que já era dado como certo. Os cinco passageiros morreram no que tudo indica ter sido uma implosão do casco interno, que não aguentou a forte pressão externa da coluna d’água a grande profundidade.
Segundo o contra-almirante John W. Mauger o cone da cauda do submersível foi encontrado a aproximadamente 500 metros da proa do naufrágio do Titanic, a 3 quilômetros abaixo da superfície. Outros destroços corroboram a hipótese de uma “perda catastrófica” da câmara de pressão do veículo aquático. Considerado o maior navio do mundo em sua época, o Titanic afundou em sua viagem inaugural, na madrugada de 15 de abril de 1912, entre Southampton e Nova York, após colidir com um iceberg. O afundamento provocou 1.514 mortes entre passageiros e tripulantes. Outros 710 sobreviveram. Agora as vítimas somam 1.519.
Ao todo, foram encontrados cinco pedaços do veículo: os cones de proa, de popa e três peças da cabine de pressão. O contra-almirante negou que houvesse relação entre os sons captados por sensores e tentativas dos tripulantes de indicar sua localização no leito marinho. a origem dos sons segue desconhecida.
A Guarda Costeira afirmou, ainda, que continuará investigando os destroços encontrados e o motivo do acidente. No momento, nove embarcações trabalham nas buscas com uso de sensores e veículos submersíveis autônomos não-tripulados (ROVs)
“Temos pessoal médico no local, temos outros técnicos no local e começaremos a desmobilizar o pessoal e as embarcações do local nas próximas 24 horas. Este é um ambiente incrivelmente difícil e perigoso para se trabalhar”, afirma o contra-almirante Mauger.
A OceanGate, empresa responsável pelo passeio, lamentou a perda dos passageiros e de sua tripulação. “Esses homens eram verdadeiros exploradores que compartilhavam um distinto espírito de aventura e uma profunda paixão por explorar e proteger os oceanos do mundo”, diz o texto. “Nossos corações estão com essas cinco almas e todos os membros de suas famílias durante esse período trágico. Lamentamos a perda de vidas e a alegria que eles trouxeram para todos que conheciam”.
Entenda o caso
Destroços do submersível Titan foram encontrados pela Guarda Costeira dos Estados Unidos, na tarde desta quinta-feira (22), segundo a imprensa norte-americana. Partes do Titan já tinham sido encontradas na manhã de hoje por um veículo operado remotamente.
O submarino da empresa Ocean Gate iniciou uma expedição para visitar os restos do navio Titanic no domingo (18) e perdeu contato com o navio-mãe por volta de 1 hora e 45 minutos após a descida. Cinco pessoas tripulavam o submersível, cuja viagem custou cerca de R$ 1 milhão de reais para cada um dos três passageiros.
Os tripulantes se encontraram na cidade de St. Jonhs, no Canadá, na manhã do domingo (18), zarpando no navio Polar Prince em direção aos destroços do Titanic, distante 740 quilômetros em mar aberto. Os destroços do Titanic repousam a 3.800 metros abaixo do nível do mar. O submersível com cinco passageiros a bordo e medindo 7 metros de comprimento, 2,5 metros de largura e 2,5 metros de altura deveria circundam o naufrágio, em uma viagem de aventura. O Titan era equipado com três telas para sensores, uma escotilha de vidro blindado para mostrar o exterior e um controle por console de videogame. A empresa responsável pela embarcação, a OceanGate, previa que a descida até o local dos destroços duraria cerca de 2h30.
As características do aparelho foram alvo de críticas por mergulhadores experientes e submarinistas, que perceberam a ausência de dispositivos de emergência, baterias de reserva e sistemas redundantes de comando e controle para contornar falhas. O submersível sequer possuía um sistema de lançamento de boias de localização à superfície e capacidade de alijar o lastro para uma emersão de emergência em caso de pane geral. As suspeitas apontam para uma falha estrutural do casco, que deveria resistir à pressão naquela profundidade.
A bordo estavam
Hamish Harding
O bilionário britânico Hamish Harding, de 59 anos, é um dos tripulantes do submarino. Sua presença na expedição já havia sido confirmada na última segunda-feira por um sobrinho nas redes sociais e por uma mensagem do próprio bilionário, de dias antes, que anunciou sua ida à excursão.
Harding é cofundador e presidente da Action Aviation, uma gigante da ind??stria de aviação e aeroespacial do Reino Unido – uma das principais indústrias do país. Aventureiro, o bilionário já fez duas expedições ao Polo Sul, onde atravessou o continente da Antártida, e em 2022 viajou para o espaço em voo da empresa Blue Origin.
Shahzada e Suleman Dawood
O bilionário paquistanês Shahzada Dawood (48) e seu filho Suleman (19) são outros dois passageiros do submarino desaparecido. Dawood é vice-presidente da Engro Corporation, conglomerado de empresas e fundos de investimento – um dos maiores do Paquistão – que atua nas indústrias de fertilizantes, automotiva, energética e de computação. A família vive no Reino Unido e, além de pai e filho desaparecidos, ainda conta com a esposa de Shahzada e um outro filho do casal.
CEO da Ocean Gate
O quarto tripulante do submarino ainda não teve sua identidade confirmada, mas segundo apuração da BBC é possível que seja Stockton Rush, CEO da própria Ocean Gate, empresa responsável pela expedição. O submarino tem lugar para 5 pessoas; 4 destinados à tripulação e 1 ao capitão.
O capitão
Paul-Henry Nargeolet (77) é muito mais do que simplesmente o capitão e condutor do submarino. Ele também é considerado como um dos principais especialistas mundiais do tema da expedição, os destroços do Titanic.
Ex-comandante da Marinha da França, fez a vida como piloto de submarinos e outros veículos submersíveis. Especialista em mergulho profundo, coordenou uma equipe de pesquisa subaquática nos destroços do Titanic para a empresa Grupo E/M. Ele já teria feito mais de 30 expedições aos destroços e participado da recuperação de mais de 5 mil artefatos.
Oxigênio
As reservas de oxigênio do Titan deve ter acabado na manhã desta quinta (22), segundo estimativas. O mergulho na costa do Canadá começou às 8 horas no horário local (9h em Brasília) de domingo (18), de acordo com a agência de notícias Reuters. A empresa OceanGate, que opera o submersível, diz que o Titan tem reserva de oxigênio para até 96 horas — quatro dias — com cinco pessoas a bordo.
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