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Como anda a novela da investigação de Bolsonaro e aliados

Com a constante chegada de novas informações, acompanhar o caso é um desafio até para os atentos

A situação do ex-presidente Jair Bolsonaro, de sua mulher, Michelle, e de aliados fica cada vez mais complicada conforme avançam as investigações sobre o caso das joias sauditas e dos ataques golpistas de 8 de janeiro, que se misturam, já que envolvem quase sempre os mesmos personagens.

As últimas descobertas da Polícia Federal, da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos atos golpistas e da imprensa são:

Reuniões secretas

O ex-presidente se encontrou com comandantes militares após ser derrotado nas eleições. E-mails da Presidência mostram que Bolsonaro fez pelo menos três reuniões secretas com comandantes das Forças Armadas após o segundo turno. Os encontros no Palácio da Alvorada foram omitidos das agendas oficiais de Bolsonaro e dos chefes do Exército, Marinha e Aeronáutica.

Os registros foram encontrados no e-mail do ajudante de ordens Jonathas Diniz Vieira Coelho. O conteúdo das mensagens foi enviado à CPI do 8 de Janeiro e divulgados pelo colunista Guilherme Amado, do portal Metrópoles.



O que se sabe dos encontros:

  • O primeiro encontro ocorreu na manhã de 1º de novembro no Alvorada, a residência oficial. A mensagem citava “Comandantes de Força”.
  • Participaram o general da reserva Walter Braga Netto, candidato a vice na chapa de Bolsonaro, e os ministros general Paulo Sérgio Nogueira (Defesa), Anderson Torres (Justiça) e Bruno Bianco (Advocacia-Geral da União, a AGU).
  • No dia seguinte, feriado de Finados, Bolsonaro teve outra reunião com o general Freire Gomes, comandante do Exército; almirante Garnier Santos, comandante da Marinha; e o senador Flávio Bolsonaro (PL).
  • Em 14 de novembro, a agenda reservada citava “Comandantes de Força”, além dos ministros da Defesa, Justiça, AGU, Controladoria-Geral da União (CGU), Braga Netto e o almirante Flávio Rocha, secretário especial da Presidência.



As reuniões secretas de Bolsonaro com comandantes militares após a derrota nas eleições geraram especulações. Analistas acreditam que Bolsonaro pode ter tentado pressionar os militares a interferir na contagem dos votos ou a não aceitar sua derrota. Outros acreditam que as reuniões foram simplesmente uma tentativa de Bolsonaro de garantir o apoio das Forças Armadas em caso de um golpe de estado.


Varredura de Cid

O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, tenente-coronel do Exército Mauro Cesar Cid, tinha acesso às contas pessoais do então presidente da República. Ele foi encarregado de organizar as finanças de Bolsonaro, descobrindo várias contas bancárias inativas em nome dele. Cid centralizou essas contas em uma única no Banco do Brasil.

Cid relatou que Bolsonaro era desorganizado com dinheiro, e embora não fosse gastador, não controlava suas finanças. O presidente temia depósitos suspeitos em sua conta, o que explicaria sua preferência por dinheiro em espécie (“cash”). Cid afirmou que Bolsonaro temia transações estranhas e suspeitas em suas contas durante seu mandato.

Para evitar suspeitas, Bolsonaro proibiu o uso de serviços de internet banking e tinha aversão a cartões de crédito, preferindo apenas cartões de débito. Cid também mencionou que Bolsonaro pediu a ele para trocar de conta bancária devido a depósitos pequenos e fragmentados feitos por seus apoiadores.

Essa preocupação de Bolsonaro com transações suspeitas em suas contas pode explicar algumas das provas obtidas pela PF durante uma operação que investigava negócios envolvendo presentes oficiais. Em mensagens, Cid mencionou que seu pai possuía US$ 25 mil para serem entregues a Bolsonaro, preferencialmente em dinheiro vivo, devido ao temor de utilizar o sistema bancário.

Na época da entrega, Bolsonaro estava em Orlando, nos Estados Unidos, e a entrega foi feita por Marcelo Câmara, outro assessor de Bolsonaro. Os US$ 25 mil tinham origem na venda de presentes oficiais, na qual o pai de Cid estava envolvido. A Polícia Federal descobriu que o pai de Cid estava envolvido na venda de presentes e recebeu pagamentos em uma conta americana registrada em nome de Mauro Cid.

Mulher de Cid e fake news

Relatório da PF sobre o telefone celular de Gabriela Cid, mulher do ex-ajudante de ordens Mauro Cid, mostra a atuação dela na disseminação de notícias falsas contra a vacina da covid-19 em uma rede de desinformação envolvendo parentes de militares. A PF também identificou discussões em grupo de WhatsApp sobre como fraudar o certificado de vacina.

O aparelho foi apreendido em maio, na mesma operação que deteve seu marido. Nas mensagens trocadas com seus contatos, Gabriela Cid chegou a ironizar a emissão do certificado falso da vacina apesar de nunca ter recebido o imunizante: “Tomei minhas doses kkkkk”.




Michelle Bolsonaro

Uma parte do conjunto desviado no caso das joias sauditas teria sido destinada à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. O Ministério Público Federal (MPF) solicitou a quebra dos sigilos fiscal e bancário de Bolsonaro e Michelle, aguardando decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

O advogado de Michelle afirmou que ela desconhece qualquer irregularidade no caso das joias e que solicitou acesso aos autos da investigação para entender as suspeitas que envolvem seu nome.


Joias no STF

A Justiça Federal em Guarulhos acatou a solicitação do Ministério Público Federal de São Paulo (MPF-SP) e encaminhou as investigações sobre as joias recebidas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na Arábia Saudita ao STF.

O pedido foi apresentado na sexta-feira passada (11) e aguardava aprovação para o envio. A investigação era conduzida pelo (MPF-SP) em colaboração com a PF, pois os acontecimentos iniciais ocorreram no Aeroporto de Guarulhos. De acordo com o MPF, o caso sob investigação em São Paulo tem conexão com fatos em análise no Supremo.

 Versão ‘fantasiosa’ e ‘hilária’ de Wassef

Diante das provas, o advogado do ex-presidente Jair Bolsonaro, Frederick Wassef, não teve outra saída a não ser confirmar nesta terça-feira (16) que recomprou o Rolex vendido por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Recibo de compra de Rolex em nome de Frederick Wassef

A versão, no entanto, foi classificada como “fantasiosa” e “hilária” na Polícia Federal. Segundo investigadores, o advogado buscou isentar seu cliente – mas a própria PF já teria provas indicando o contrário.

Em entrevista, Wassef admitiu ter feito a recompra do Rolex recebido como presente oficial por Jair Bolsonaro e negociado ilegalmente nos Estados Unidos.

Disse também:

  • Que usou dinheiro próprio;
  • Que não seguia ordens de Bolsonaro nem do ex-ajudante de ordens Mauro Cid;
  • E que devolveu o relógio à União.

Investigadores avaliam, no entanto, que assim como o advogado foi obrigado a admitir a recompra do presente oficial, teria eventualmente que informar quem ordenou a transação. Isso, diante de novas provas que a PF já teria ou está colhendo.

Com a colaboração do FBI, a Polícia Federal avalia que será possível descobrir o caminho do dinheiro usado para reaver o relógio.


Entenda a operação


A Polícia Federal cumpriu na sexta-feira (11) quatro mandados de busca e apreensão em uma operação de combate a crimes de peculato e lavagem de dinheiro ligados ao caso das joias recebidas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro de governos estrangeiros. Os investigados são suspeitos de ter vendido joias e presentes oficiais ganhos por ele.

De acordo com a PF, eles teriam utilizado “a estrutura do Estado brasileiro para desviar bens de alto valor patrimonial, entregues por autoridades estrangeiras em missões oficiais a representantes do Estado, por meio da venda desses itens no exterior”.

As quantias obtidas com essas operações “ingressaram no patrimônio pessoal dos investigados por meio de pessoas interpostas e sem usar o sistema bancário formal, com o objetivo de ocultar a origem, a localização e a propriedade dos valores”. A Polícia Federal não informou o lucro que os suspeitos teriam obtido com a venda das joias e dos presentes.



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