Compra da estatal controlada pelo Centrão atende projeto de irrigação que foi derrubado por suspeitas anteriores
Apesar das irregularidades apontadas em 2020, a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) lançou uma licitação para a compra de centenas de milhares de tubos de PVC. O relatório da Controladoria-Geral da União (CGU) aponta a aquisição como superfaturada, sem planejamento e sem demonstração de necessidade. O alerta do órgão foi dado duas vezes antes da concorrência pública e com recomendação de suspensão. Ainda assim, a estatal deu prosseguimento e já gastou mais de R$ 2 milhões. A informação é do jornal Folha de São Paulo.
A compra dos tubos tinha como objetivo atender uma demanda da companhia relacionada à irrigação no estado da Bahia. Inicialmente a Codevasf fez uma concorrência para aquisição de 458 mil unidades, no valor de R$ 26 milhões, por meio de um pregão eletrônico.
Segundo a Folha de S. Paulo, “o processo era cheio de irregularidades, com potencial de R$ 16 milhões em superfaturamento e acabou suspenso após recomendação da controladoria. Posteriormente, a estatal reduziu em mais de um terço a quantidade a ser comprada (o total caiu para 294 mil unidades) e anunciou outro pregão eletrônico avaliado em R$ 11 milhões, mas que, segundo a CGU, ainda trazia irregularidades”.
Empresa reconhece articulações
De acordo com a Folha, a compra dos tubos era voltada para desovar recursos de emendas parlamentares. A Codevasf é uma estatal federal entregue pelo presidente Bolsonaro ao controle do Centrão em troca de apoio político. Em comunicado à CGU, a própria Codevasf reconheceu a presença de articulações político-institucionais dentro da empresa pública.
“Esses recursos [de emendas] são descentralizados à Codevasf a partir de articulações político-institucionais, as quais não estão vinculadas estritamente a um cronograma preestabelecido, o que de fato dificulta e/ou inviabiliza um planejamento preciso do dimensionamento da demanda a ser adquirida”, dizia um trecho do comunicado. “Os parlamentares, por meio de interações com lideranças e seus assessores, efetuam o levantamento de necessidades para balizar as aquisições e/ou contratações”, admite a empresa pública.
Na semana passada, a Polícia Federal deflagrou no do Maranhão (imagem) uma operação para apurar possíveis fraudes em contratos entre a empreiteira Construservice e a Codevasf.
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