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Boulos antecipa campanha ao falar do Plano Diretor de SP

O deputado federal Guilherme Boulos publicou ontem um artigo na Folha de S. Paulo no qual critica a intenção do prefeito Ricardo Nunes de mudar o Plano Diretor da capital paulista. O novo texto será votado pela Câmara Municipal no dia 21 de junho e propõe algumas mudanças significativas em relação ao projeto de 2014, aprovado ainda na gestão de Fernando Haddad.

Vamos deixar de lado as questões técnicas envolvendo o tema, pois há urbanistas qualificados no mercado para comentar qual versão do Plano Diretor é melhor para a população. Fora deste universo, há dois pontos importantes que podem ser comentados.

O primeiro é que o texto elaborado pelo ex-prefeito Haddad sempre desagradou os principais personagens que atuam no mercado imobiliário – em especial os incorporadores. As mudanças introduzidas por Haddad tornaram mais difíceis os lançamentos de prédios de alto luxo e criaram uma distorção de mercado, com a oferta de apartamentos relativamente pequenos em regiões nobres do município.

Toda vez que os agentes de um mercado são atingidos pela legislação, há dois caminhos: acatar as novas regras ou encontrar brechas na lei. Quando as regras, no entanto, não permitem contestação, a única saída é desistir daquela fatia que foi atingida pelas autoridades.

Neste cenário, o prefeito Nunes ouviu os pleitos de quem atua no ramo imobiliário e resolveu fazer transformações que podem permitir mais investimentos. Com mais incorporações, haverá mais emprego e arrecadação. Mas sua atitude chamou a atenção da oposição e criou um debate bastante efervescente.

Boulos aproveitou a ebulição para discutir publicamente o assunto e antecipar a largada para a campanha do ano que vem. O deputado percebeu que as forças de centro e de direita devem e aglutinar em torno de Nunes, depois da desistência do ex-ministro Ricardo Salles e do pouco interesse que surgiu diante de uma possível candidatura do senador Marcos Pontes.

O eleitorado de esquerda estava muito animado com a possibilidade de existir uma divisão entre moderados e conservadores em duas candidaturas. Mas, aparentemente, não é o que vai ocorrer. Outra questão que surge no horizonte, porém, é: o PSOL vai concorrer sozinho em seu quadrado?

Em 2022, houve um acordo entre o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva e Guilherme Boulos, até então postulante ao Palácio dos Bandeirantes. Boulos retiraria sua candidatura, apoiando a de Fernando Haddad; em compensação, o PT abraçaria seu intento de concorrer à prefeitura de São Paulo em 2024.

Naquele momento, os dirigentes do PT, que ficou em sexto lugar em 2020, com Jilmar Tatto, acharam que esta negociação seria boa para o partido. Ocorre que, desde a posse de Lula, há vozes petistas que já criticaram o acordo. E, para piorar, o PSOL não vem dando ao governo o apoio que se esperava no Congresso.

Um exemplo disso ocorreu em maio, quando o Executivo mandou o texto de arcabouço fiscal à Câmara, pedindo urgência em sua votação. Todos os representantes do partido de Boulos votaram contra e foram derrotados. Mais tarde, o texto em si foi apreciado em plenário. Novamente a bancada inteirinha do PSOL votou contra a proposta.

Essas infidelidades só fizeram crescer as críticas a Boulos dentro do universo petista. O acordo, costurado por Lula, ainda está em pé. Mas pode ser derrubado por mais uma traquinagem de Boulos no Congresso. Se o PT lançar uma candidatura própria, vai roubar alguns votos de deputado e líder do MTST. Isso pode mudar totalmente a dinâmica das eleições, com a esquerda rachada e o centro unido com a direita. Para viabilizar seu nome no ano que vem, Boulos torce para colar a pecha de “bolsonarista” em Ricardo Nunes, esticando a polarização política para 2024.

O quadro político da eleição municipal em São Paulo somente deverá ficar claro no início de 2024. Mesmo assim, Boulos pretende antecipar o debate pela imprensa para marcar uma posição clara junto aos eleitores – a de que ele é o candidato de Lula. O problema dessa estratégia é que ele dependerá de duas coisas. A primeira: o PT não poderá ter candidato próprio; a segunda: o desempenho da economia, sob Lula, terá de ser melhorado. Com uma atividade econômica claudicante, sua candidatura pode sofrer fortes abalos junto ao eleitorado.

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