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Bolsonaro deveria descer do muro

Na briga entre os partidários do escritor Olavo de Carvalho e os militares que atuam no governo, o presidente Jair Bolsonaro optou pela saída tucana – o muro.

Durante sua campanha eleitoral, Bolsonaro teceu inúmeros elogios aos governos dos generais-presidentes (alguns corretos, outros exagerados), louvou a capacidade e a honestidade dos oficiais e espinafrou o ensino público, apontando como exemplo de educação de qualidade os colégios militares.

Nenhuma palavra (ou quase nenhuma) se ouviu sobre Olavo.

Num vídeo em que gravou antes das eleições, no entanto, havia uma pista, que passou despercebida para muitos: nesta “live”, transmitida pelas redes sociais, o então candidato falava e manuseava um livro com as memórias de Winston Churchill sobre a Segunda Guerra Mundial. Ao lado, discretamente, jazia sobre a mesa um exemplar de “O Mínimo que Você Precisa Saber para Não Ser Um Idiota”, cujo autor é… Olavo de Carvalho.

Apesar desta mensagem subliminar, Jair Bolsonaro passou a campanha sem falar (ou falando muito pouco) de Olavo. Por outro lado, gastou muito tempo afirmando que a excelência de seu governo seria garantida pela presença de fardados de alta  patente, gente capacitada e de alto nível intelectual.

O governo teve início e, de fato, generais e coronéis se aboletaram em postos importantes da administração. A Olavo coube a indicação de dois ministérios. E seus protegidos, assim que assumiram, colocaram pessoas do mesmo grupo em postos-chave.

Conforme o governo começou a decolar, as duas alas passaram a se estranhar e as críticas mútuas surgiram. Para piorar, Olavo e seguidores passaram a espinafrar os militares nas redes sociais, em especial o vice-presidente Hamilton Mourão e o ministro Carlos Alberto dos Santos Cruz. A temperatura foi subindo até ontem, quando chegou ao ponto de fervura.

Foi quando Bolsonaro tentou botar panos quentes na discussão pública, temperada com palavras chulas vindos do Twitter do escritor e termos pesados disparados pelo general (“Olavo é um Trostky de direita”).

Os quase 58 milhões de brasileiros que votaram em Bolsonaro, em tese, gostaram da ideia de ter um governo com militares de alta patente nos ministérios e postos de destaque. Com a imagem dos políticos em frangalhos, tudo o que a população queria era um governo honesto e competente, e os militares pareciam caber neste figurino. Certamente, mais de 90% destes mesmos eleitores nunca ouviram falar de Olavo de Carvalho antes e durante a campanha eleitoral. Portanto, entre os militares e o escritor, a escolha do povo parece óbvia.

Assim como é óbvia a decisão que o presidente precisa tomar assim que descer do muro. Para um presidente, diga-se, o muro é o pior dos lugares. Demonstra fraqueza. E tudo o que o Brasil não precisa agora é de um governo fraco. Especialmente com a necessidade premente de aprovar a Reforma da Previdência no Congresso. Neste cenário, qualquer demonstração de debilidade será fatal.

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