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BCG é promissora contra a covid, mas testes vão demorar meses

Os ensaios clínicos para verificar se a vacina BCG, usada contra a tuberculose, é eficaz no combate ao coronavírus Sars-CoV-2, causador da covid-19, devem durar entre seis e 12 meses. Ou seja, devem ser concluídos bem após a aprovação das primeiras vacinas para tentar deter a pandemia. Nem por isso a experiência deve ser vista com descrédito, já que ainda não há indícios concretos dos índices de imunização que serão alcançados. Por isso, usar uma vacina como remédio é uma opção plausível no momento.

Os testes com pacientes começaram no Brasil nesta segunda-feira (5) e seguem a metodologia da substituição – o emprego de uma substância desenvolvida para uma doença e que acaba sendo testada contra outra, geralmente nova ou pouco conhecida.

O trabalho é conduzido pelo Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), pelo Hospital Universitário Pedro Ernesto, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), e pelo Hospital Municipal de Barueri Dr. Francisco Moran, na Grande São Paulo. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) também desenvolve ensaios clínicos com a BCG contra o novo coronavírus.

Participarão do ensaio mil profissionais da saúde. A iniciativa é da RedeVírus, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações. De acordo com a coordenadora da pesquisa, Fernanda Mello, professora de Pneumologia do Instituto de Doenças do Tórax da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), os estudos tentam descobrir se a vacina ajuda na prevenção da infecção e no tratamento das formas graves da covid-19. “Ao avaliarmos o efeito da vacina BCG entre profissionais de saúde, esperamos verificar seu potencial para evitar o adoecimento e as formas graves da doença entre eles, que representam o braço operacional da linha de cuidado aos pacientes covid-19. A manutenção desta força de trabalho é fundamental para que seja garantido o melhor cuidado aos portadores do novo coronavírus”, afirmou.

A investigação sobre a eficácia da BCG contra o novo coronavírus se baseia na hipótese de que países que mantêm o uso da vacina apresentaram menor incidência de covid-19, quando comparado com países que suspenderam o uso universal, como Estados Unidos, Espanha e Itália. De acordo com a Fiocruz, pesquisadores australianos verificaram que a BCG funciona contra outras infecções respiratórias virais.

Apesar de o Brasil apresentar incidências parecidas com os Estados Unidos: são 23 mil casos e 687 mortes por milhão de habitantes no Brasil, contra 23 mil casos por milhão de habitantes e de 647 nos EUA, de acordo com o site Worldometer o Sistema Infogripe, do SUS, indica que as internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARG) este ano está baixa entre crianças e adolescentes, até 19 anos, e se concentra na faixa acima de 40 anos, principalmente acima de 60, mesma população que não foi vacinada com a BCG quando criança. Dos óbitos, 99,3 tiveram comprovação laboratorial para covid-19.

Esses dados estatísticos podem ser um forte indício que a BCG atua contra o coronavírus. Outro ponto: em 2019, as internações por SARG se concentraram em crianças até os 2 anos de idade, com incidência grande de vírus sincicial respiratório e Influenza A.

A vacina tríplice viral (para imunização de sarampo, caxumba e rubéola) também é avaliada, pois aliviaria os sintomas da covid-19. As pesquisas são feitas pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e pelo Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago, ambos de Florianópolis.

A vacina BCG, cuja sigla vem de bacilo Calmette–Guérin, está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) e, no Brasil, é obrigatória para recém-nascidos desde 1976, devendo ser tomada até os quatro anos de idade. O imunizante protege crianças de até 5 anos das formas mais graves da tuberculose.

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