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As reais chances de Haddad

Muito se especulou, nos últimos dias, sobre as reais chances de Fernando Haddad no momento em que substituísse de fato o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na cabeça de chapa do PT. Entende-se a celeuma: os índices de intenção de voto em Lula são significativos. Se pudesse ser candidato, teria, segundo a pesquisa do Ibope divulgada ontem, 37% da votação.

Analistas políticos palpitaram durante este mês que a estratégia do PT seria deixar o nome do ex-presidente o maior tempo possível em evidência para que o ex-prefeito de São Paulo herdasse maciçamente seus votos e chegasse ao segundo turno. Neste caso, enfrentaria Jair Bolsonaro, que lidera as pesquisas quando Lula é retirado do tabuleiro.

A pesquisa do Ibope, no entanto, explora um pouco mais as possibilidades de Haddad no pleito. Dos 37 pontos percentuais que tem o presidente de honra do Partido dos Trabalhadores, ele fica apenas com quatro, o que o deixa em quinto lugar, atrás de Geraldo Alckmin. Se Haddad herda quatro pontos de Lula, Bolsonaro ganha dois, Marina (a maior beneficiada com a saída do ex-presidente do páreo) seis, Ciro Gomes quatro, Alckmin dois, Cabo Daciolo um, João Goulart um e Vera Lúcia um. Ao total, Lula transfere 21 pontos a diversos candidatos. Os demais dezesseis distribuem-se entre brancos/nulos e indecisos.

Primeiro ponto interessante é que Fernando Haddad recebe de Lula menos intenções de voto que Marina e a mesma coisa que Ciro, apesar de ser do mesmo partido do presidente de honra do PT. Dirigentes petistas acreditam que a campanha eleitoral poderá reverter este quadro, quando será martelado ad nauseam que o ex-prefeito é o candidato escolhido pelo ex-presidente.

Até aí, tudo bem. O problema é que o Ibope perguntou o seguinte: “Se Lula for impedido de disputar a eleição e declarar apoio a Fernando Haddad, você…”. Cerca de 60% responderam que não votariam em Haddad de jeito nenhum. Numa situação normal, a rejeição do ex-prefeito é de 16%, mas cresce substancialmente ao receber as bênçãos de Lula. Ou seja, se passar ao segundo turno, não terá condições de vencer nenhum adversário.

Nas respostas dos quarenta por cento restantes, Haddad é ungido candidato “com certeza” por um grupo que corresponde a treze pontos percentuais do total de eleitores. Sobram 27%. Destes, 14% poderão votar em Haddad, 7% não o conhecem e 5% não sabem.

Conclusão: Haddad herda toda a rejeição que hoje é dirigida a Lula. Na pior das hipóteses, poderá receber 18% dos votos, com possibilidade de crescimento. É o suficiente, nos dias de hoje, para chegar ao segundo turno. Mas, para isso ocorrer, a campanha eleitoral tem de acertar na mosca a sua mensagem. E o candidato Haddad é pouco carismático. Pode até ser definido com uma Alckmin de esquerda. Isso pode ser complicado para quem precisa ser votado maciçamente no Nordeste e nesta região tem a concorrência de Ciro e Marina. Para ter sucesso entre os nordestinos, Haddad terá de ser mais contundente e menos moderado. Em resumo: terá de ser mais petista e menos paulista.

Na eventualidade de receber os votos originalmente destinados a Lula, há o ônus de se transformar no candidato com o maior índice de rejeição (60%) do pleito – ou seja, a eleição será vencida por quem o acompanhar no segundo turno.

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