O que já era comentado até em tom de brincadeira há meses se confirmou. O governo brasileiro enviou observadores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para a Conferência do Clima das Nações Unidas (COP-25), ocorrida em dezembro, em Madri, a fim de monitorar organizações não-governamentais (ONGs) ambientais que atuam no país.
A informação é do jornal O Estado de S.Paulo e foi publicada neste domingo (11). A reportagem afirma que a presença dos agentes, mais do que levantar qualquer tipo de informações sensível, só indicou “a postura conflituosa do governo Bolsonaro com organismos internacionais, ONGs e setores da administração federal ligados ao meio ambiente”.
Criticado por sua política ambiental, o governo Bolsonaro se defende na questões das queimadas e do afrouxamento da fiscalização alegando vagos interesses internacionais sobre as riquezas naturais da Amazônia.
A reportagem aponta que os agentes eram Bruno Batista Rodrigues Pereira, ex-superintendente regional da Abin no Pará, Marcelo Donnabella Bastos, ex-secretário adjunto de Infraestrutura e Meio ambiente do Estado de São Paulo, Lília de Souza Magalhães e Pedro Nascimento Silveira. Os quatro foram identificados como analistas e credenciados como parte da equipe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República no evento. A ONU não foi informada do vínculo com o serviço de inteligência. Os oficiais da Abin circularam pelo evento com um crachás que lhes davam amplo acesso às reuniões, acompanhando inclusive debates fechados entre representantes diplomáticos estrangeiros.