Internado há 15 dias no Albert Einstein, em São Paulo, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) governa o país do seu leito hospitalar . Enquanto isso, pautas importantes no início do mandato, como a reforma da Previdência, ficam à espera da aprovação e canetada final do presidente da República. Na prática, ele deixa de aproveitar um período importante: os primeiros dias de governo, quando o capital político do eleito facilita a aprovação de pautas fundamentais para o país, como é o caso da Previdência.
Segundo o cientista político Marco Antonio Teixeira, da Fundação Getulio Vargas (FGV-SP), o longo período em que o presidente está distante de Brasília vai resultar no atraso das negociações políticas em torno das reformas. “Em uma questão como essa, a liderança do presidente da República, com o respaldo das urnas, tem um papel crucial no dia a dia do governo. Ele, internado, atrasará essa reforma”, diz Teixeira.
O presidente Bolsonaro montou um gabinete para despachar com ministros termos da reforma do sistema previdenciário. Será suficiente? Não, argumenta Teixeira. Para o cientista político da FGV, a aprovação da reforma não depende só da equipe econômica do governo. “Haverá muitos questionamentos sobre essa reforma que só no campo da política serão respondidos.”
A ideia do governo e da equipe econômica é que a reforma da Previdência seja aprovada até maio. O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse recentemente que, antes de enviar o projeto ao Parlamento, o governo deve já contar com uma base razoável de apoio. Aí é que o presidente da República se faz necessário. “Esse apoio no Parlamento só o presidente da República consegue obter”, diz Teixeira.
Submetido a um processo cirúrgico no último dia 28, Bolsonaro ainda não tem data para sair do hospital.